...ter um adolescente em casa. Falo da minha experiência, pois só tenho um. Mas às vezes invejo aqueles progenitores que tiveram e têm tido a coragem e as condições necessárias para procriar, educar, enfrentar (e outras coisas terminadas em -ar) mais do que um. A sério que invejo. Mas não vou por aí e dizer o porquê desta invejinha egoísta.
Adiante...
Todos os dias é necessária força mental para resistir às suas tentativas de suborno emocional. Eles sabem... ou melhor, o meu sabe como passar a perna à malta adulta cá de casa, menos à mãe que é teimosa como uma mula e mais ao pai que, às vezes, até é porreiro e o rapaz lá leva a dele avante. Ele estica a corda, ele alcança os limites que lhe impomos e gosta, como é natural, de fazer prevalecer as suas ideias e vontades. Nem sempre ganha, nem sempre ganhamos nós. Tem havido cedências de parte a parte.
Considero que até à data temos tido sorte com a nossa cria, que é saudável a todos os níveis e tem ideias bem definidas sobre certas tentações juvenis, tais como fumar, beber, tatuagens e tempo passado em frente a ecrãs (esta é uma luta diária inglória, confesso). Assim se mantenha por muitos e bons anos.
Tem os seus defeitos (é o meu espelho, no que toca a certos aspectos de personalidade) e as suas qualidades (é o espelho do pai no que toca a certas características de personalidade). Contudo, todos os dias há necessidade (ainda) de lhe dizer as mesmíssimas coisas que andamos a repetir há anos. E todos os dias o rapaz comete as mesmas "infrações caseiras", pequenas coisas irrelevantes que, contudo, são passíveis de despoletar uma verdadeira guerra de palavras doméstica, a maior parte das vezes entre mim e ele. Acabamos os dois cada um para o seu lado e passado um bocado, às vezes da noite para o dia, a coisa lá volta ao normal.
Uma das suas características é a distração, tão comum a tantos da mesma idade. Mas não a distração escolar, essa é quase inexistente. É mesmo a distração em coisas do dia-a-dia. Hoje por volta das 8:30 da manhã, telefonou-me do telemóvel duma colega a dizer que, para não chegar atrasado ao autocarro , se tinha trancado fora de casa com a chave e com o "preto" (vulgo, telemóvel nokia pré-histórico da mãe que só dá para fazer e receber chamadas e mensagens e serve em caso de emergências de equipamento) lá dentro. Pergunto como é que é possível uma pessoa trancar-se fora de casa. A sério! Especialmente quando eu, antes de sair, fiz questão, como é habitual, de lhe recordar de tudo o que ele necessita e que habitualmente leva nos bolsos.
Enfim, às vezes parece que quanto mais falo e relembro certas coisas, é quando acontece exactamente tudo ao contrário.