Ora aqui está uma questão bastante pessoal, a que me disporei desde já a responder.
A minha camada pilosa é de extrema importância por razões de saúde, por razões de estética e por razões de evolução social. Se há uns anos atrás, enquanto adolescente, nem sequer me imaginava de outra maneira que não fosse com o cabelo comprido, até meio das costas, hoje o cenário é o oposto. Os cabelos compridos eram uma questão de moda e por muito que eu dissesse que não era menina de modas, neste aspecto, deixei-me derrotar. Hoje, abaixo dos ombros já se torna demasiado comprido, pesado e faz-me sentir uma ursa despenteada. Se enquanto adolescente, ainda pouco ligava aos pêlos que teimavam em desfear os meus membros inferiores e em persistentemente nascer debaixo dos braços e quando me decidia a lidar com eles, era mesmo com uma gillette daquelas cor-de-laranja que todas nós conhecemos, hoje, mulher madura, conhecedora de algumas técnicas de combate em prol da beleza, sou incapaz de cometer tal atrocidade com os meus pêlos. Trato-os com carinho, com dignidade e uma vez por mês, lá vou eu ser apaparicada por uma esteticista que me cobre de cera da ponta dos pés à zona púbica e os arranca sem dó nem piedade. Meninas, como sabem, só custa a primeira vez. Tudo o que se segue à primeira sessão é puro deleite. E antes que perguntem, não, não me desenvencilho de todos. Acho que se o fizesse, sentiria falta de parte de mim. Uma mulher sem pêlos na zona púbica é como um pêssego transgénico: sem sabor (não que alguma vez eu tenha provado um destes). Agora questionam-se vocês: que raio têm os pêlos a ver com a saúde? Tudo, meus amigos e minhas amigas, tudinho! Como bem se lembram, nas vossas aulas de Ciências Naturais deve ter-vos sido dito que a penugem que cobre uma grande parte do corpo humano existe por alguma razão, como tudo nesta vida, aliás: servem de escudo protector contra as diferenças de temperatura. E isto todos nós já comprovámos. É verdade ou não que ficamos com pele de galinha e com eles eriçados em ambientes de baixas temperaturas? É verdade ou não que quando tal acontece tendemos a proteger-nos das diferenças de temperatura da maneira mais cómoda? Ahpoizé! Já não se lembravam, eu sei. Daí os pêlos serem tão importantes para mim, como penso, o são para vocês.
Quanto aos pêlos das outras pessoas, tenho dois pontos de vista distintos, consoante tenhamos em conta os pêlos duma senhora gaja ou dum senhor gajo, mas sempre numa perspectiva estética. Não gosto de homens-macacos. Ponto assente, Gosto contudo de ver homens com alguns pelitos no peito e nas pernas, em número suficiente e comprimento agradável para serem tocados, acariciados, retorcidos e até penteadinhos naqueles momentos em que ...vocês sabem! Não gosto de ver homens depilados nas sobrancelhas, parece-me que é contra a natureza masculina. Nem gosto, como muito bem sabe a Robina, de gajos sem pêlos no peito. Parece que andou ali uma rebarbadora a que se seguiu uma máquina qualquer de untadura brilhante e sebosa. Quanto às mulheres, deviam ser desde tenra idade sensibilizadas para a temática do pêlo e desde cedo habituadas a lidarem com esse incómodo. Acreditem que ainda há muitas mãezinhas que se "desleixam" neste ponto. E só se apercebem tarde demais que andou gillette nas belas pernas e axila bem cheirosas das suas princesas.
Portanto, caríssimos e caríssimas, os pêlos são, pelas razões referidas, bastante relevantes. Candidatos a carecas, não se deixem abater por tal tragédia: mais vale uma cabecinha lustrosa do que três pelinhos sebosos, eriçados e mal nascidos que vos dão ar de loucos tresloucados capazes de atacar a primeira velhinha que vos apareça pela frente. Cuidem-se, meninas e meninos.