Gosto de despender algum tempo a procurar o presente ideal, a pensar se a pessoa irá gostar ou não do que vai receber, de escolher o papel de fantasia adequado à idade, sexo e personalidade da pessoa, bem como ao conteúdo da dita cuja prenda. Habitualmente escolho papel de embrulho colorido, ou com motivos geométricos discretos ou com motivos infantis. Depende. Gosto igualmente de receber presentes, por isso, estejam à vontade, ok? Até porque se aproxima um dos imensos dias especiais de verão, portanto, toca a pensar no assunto, antes que se faça tarde. Façam-no com paixão, já que sem esta, uma prenda nunca será oferecida com gosto, nunca a verdadeira amizade será expressa. Claro que não penso que a amizade é revelada com prendas, mas sim com gestos, palavras, horas perdidas, partilha, reflexões conjuntas, mesmo que desconexas e sem objectivo nenhum, a não ser o puramente dissertativo.
Já há muito tempo que não ofereço CD's. Não é fácil acertar com o gosto musical das outras pessoas, mesmo quando se trata da tua amiga ou amigo especiais, os de infância, aqueles que sempre nos acompanharam nas nossas desventuras. Os gostos mudam ao ritmo da evolução musical. E vai daí, não sei...eu continuo a gostar de ouvir Annie Lennox, Nirvana e os The Cure, sejam os originais sejam as edições pirata.
Livros...os livros são outros dos meus eleitos. Normalmente a escolha é bem mais fácil. Além de que com qualquer amiga ou amigo meu, antes de lhe comprar seja que livro for, eu já terei tido muitas conversas sobre as suas preferências livrescas ou folhetinescas, nem que seja naquelas alturas em que precisamos de um bom desblogueador de conversa. Nessas alturas, qualquer assunto vem a calhar e sobre qualquer assunto todos nós temos a capacidade intrínseca de mandar bitaites, por muito pouco que percebamos do assunto. Quando a temática dos livros termina, pode sempre falar-se dos blogs, tão em moda hoje em dia, até mesmo daquele blog cujo autor/a não conhecemos, cujo nome não nos lembramos - até lhe podemos chamar blogue coiso - mas que por qualquer post mais "familiar" ou significativo ficou retido na nossa mente. Ou porque se calhar achamos o seu criador um génio literário, como o Nuno do Alto Minho, que ultimamente tem divagado imenso numa novela bem pitoresca cujas personagens têm sido diaria e acutilantemente descritas no seu Mastros ao Alto. Não perco pitada e acho que é uma história que dava um bom livro de ficção, para verdadeiros apreciadores de leituras longas e rocambolescas.
Os mais letrados costumam ser mais difíceis de presentear. Por exemplo, eu não saberia o que dar ao meu Tio Jorge, assumido comunista agnóstico pseudo-intelectual racional advogado com praça feita na capital. Completamente convencida de que ele já teria lido Darwin e a origem das espécies, sentir-me-ia mais depressa impelida a oferecer-lhe um livro de banda desenhada cómico-irónico, cujo título poderia ser ou "Os Marretas" ou "Os Dedos"; ou até alguma obra de ficção futurista onde o nosso planeta fosse visionado de fora, porque não por um qualquer olhar marciano. Ou até um compêndio de filosofia, onde as suas teorias, hoje mais flexíveis, se reflectiriam nas palavras lidas, onde ele pudesse confirmar que a sua razão tem sempre cliente, nem que sejam ele e o autor desse compêndio os únicos com razão.
Há uns anos atrás ofereci à minha mãe a sua primeira viagem de avião à nossa ilha urbana sulista a que chamam de capital do nosso país. Adorou, claro! Até porque qualquer pequeno prazer naquela etapa da sua vida seria sempre considerado uma grande aventura. Foi inesquecível, tanto para ela como para mim. Um fim-de-semana em cheio, pouco barato, mas valeu bem a pena ver um sorriso prazenteiro estampado no rosto dela durante quase dois dias.