Este senhor, os seus sobrinhos e congéneres brasileiros - Zé Carioca e Professor Pardal incluídos - ajudaram-me a aprender a ler, muitas vezes enquanto obedecia à mãe- natureza. A minha mãe costumava estranhar a minha demora, achava que eu era uma leitora muito lenta e amiúde berrava comigo. Nunca houve paz naquela casa, durante aqueles momentos de intimidade. E era caso para dizer "Tal pai, tal filha".
Estes entretinham-me no intervalo de aturar as freiras do colégio que frequentei até ao 9ºano. Eram estas colecções que me alienavam das fórmulas químicas e das leis da física e dos senos e cossenos que a Professora Joana insistia em injectar-me à pressão e eu continuava a não perceber um cu daquilo. Hoje percebo! Tão fácil agora!
Estes e alguns da colecção do Tintin fizeram concorrência aos moçoilos de quem eu ia gostando. Tinha tão mau gosto nessa altura, no que diz respeito a gaijos, que ainda hoje recordo com asco o meu primeiro beijo. Já os livros do pançudo e do baixote estão guardadinhos com estima e carinho. Tenho intenções de terminar a colecção do miúdo loiro, mas ainda não aconteceu.
O Spirou e o Fantasio também assistiram ao meu crescimento. Eles não tinham um marsupilami que andava sempre metido em sarilhos?
Também espreitava, às escondidas, tudo o que pudesse agarrar do Manara, quando ia à biblioteca municipal. Mas os ensinamentos católicos e retrógrados da minha mãezinha e da minha ainda viva avó bombardeavam a minha mente constantemente, dizendo que iria acabar no inferno. Mal elas sabiam! Que é leitura muito mais elucidativa do que qualquer manual de educação sexual de hoje em dia, lá isso é!