Pois então vou partilhar com o mundo, vossas excelências incluídas, o "porquê" do papagaio...talvez eu própria entenda o "para quê".
Nunca tive qualquer bichinho de estimação, daqueles aos quais nos afeiçoamos, com quem brincamos e não reparamos que o tempo voa, a quem tratamos como elemento da família - mas sei que gostaria de ter tido um, quando era catraia. Contudo, os meus pais não eram nada abonados e nem sequer tinham uma casa com condições para alojar o bicharoco. Eu apenas convivia com os bicharocos alheios, a quem achava imensa piada fazer umas festinhas de vez em quando. Lembro-me do Sultão, um pastor alemão ternurento com quem passava parte dos meus verões na Charneca da Caparica....lindo! Desapareceu...
Sempre que pensava neste assunto, imaginava-me como dona de um belíssimo São Bernardo, imponente e pachorrento ao mesmo tempo, peludo, de olhar meigo, com quem pudesse rebolar na Serra da Estrela. A verdade é que este bicho não fica nada barato e precisa de imenso espaço, coisa que nunca tive pelas terreolas e casas por onde fui passando ao longo da minha vida profissional.
Com mais vontade fiquei quando vim aqui para Braga, há cerca de 9 anos e reparei que a vizinha do 5ºandar tinha um destes bichinhos lindos. A verdade é que ter um destes "pitchou-pitchou" num T4 nunca me pareceu muito boa ideia, mesmo havendo duas varandas, mas ficou-me o bichinho na cabeça. Coçava-lhe sempre o pêlo quando saímos e nos cruzávamos na rua, lá em baixo, e na esplanada do Sr. Antunes. Nunca vi aquele cão a correr desenfreadamente nem a ladrar desalmadamente nem a mijar fora da relva...um dia desapareceu...
Passado uns tempos tive um filhote. Filhote esse que hoje adora cães e gatos e pombas e galinhas e coelhos e me-més e ..enfim...qualquer animal a que possa pôr a mão. Foi o delírio quando o levámos ao Zoo de Lisboa. Temos mesmo que lá voltar este ano.
E vai daí, pensei eu cá para mim:"eu vivo num T4, temos um filhote que anda doido para ter um irmão e um animal de estimação. Já que o irmão não está para chegar tão cedo, porque não arranjar-lhe uma companhia proporcional ao tamanho do alojamento?"
E pronto, foi mais ou menos assim que surgiu a ideia do papagaio: um bichinho pequeno, que possivelmente come pouco, ocupa pouco espaço (digo eu), engraçado, colorido, que até poderá falar, que poderia incutir algum sentido de responsabilidade no nosso pequenote ...
Problemas à vista: a sujidade, as férias de verão, idas inesperadas ao veterinário, as birras (como alguém já mencionou), o barulho que poderia incomodar os vizinhos. Conseguem pensar em mais algum? E não, não sou muito paciente, mas agradeço qualquer dica sobre o assunto.