É preciso perceber que eu fui ao Hotel Meliá de Braga em trabalho, a um sábado de manhã, quando o que me apetecia mesmo era estar na cama. Não houve visitas guiadas aos quartos, comandadas nem pelo director geral do sítio nem ninguém bem apessoado, if you know what I mean. Portanto, as breves incursões que fiz pelos espaços a que acedi foram por minha iniciativa, sempre receando ser advertida por alguém de serviço. Nunca aconteceu.
As escadarias de mármore branco que dão acesso ao piso imediatamente superior, onde se situava a tal sala negra, quase cegam uma pessoa e vi-me subir degrau a degrau sempre a olhar para baixo, para não tropeçar e fazer figurinha ridícula em tal ambiente de luxo e impecavelmente limpo, sinal de que eu seria mais uma saloia naquele sítio a que não pertenço. Ora, uma pessoa deve andar com uma postura segura, confiante, mas não foi o meu caso naqueles 20 ou 30 degraus.
Nos diversos espaços por onde passei havia amostras de natureza diversa: jóias, relógios, vestidos de noiva, lembranças de casamentos e baptizados, roupas de bebé...tudo esplendoroso e, acredito, a darem algum rendimento extra, pelo aluguer do espaço, ao hotel. Nada contra, afinal estamos em crise e qualquer ideia é bem-vinda. Numa sala deste primeiro andar estavam a organizar um evento que me pareceu ser um futuro desfile de vestidos de noiva, a julgar pelos expositores, holofotes e a passerelle presentes na sala, bastante ampla, com um pé direito bastante alto e bastante iluminada, naturalmente iluminada, devido às grandes vidraças daquela ala.
Ora, nem era bem ali que eu deveria estar, por isso dirigi-me em sentido contrário e apresentei-me a quem de direito que, simpatica mas erroneamente, me informou que já tinha contactado com a minha superior na escola. Mentira, nem tinha ainda nem acertou no nome da pessoa. Tive que o corrigir, o que, para um representante duma empresa que quer vender algo, não fica lá muito bem. Mas errar é humano e perdoei-lhe a gaffe. E não, ele não era uma pessoa bem apessoada.
Ora, esta pessoa mal apessoada conduziu-me à sala negra. Contrastava com tudo o que tinha visto até agora: paredes pretas, carpete preta com motivos verdes, iluminação pendente artificial, nenhuma janela para o exterior ou interior e nenhuma decoração. Presentes estavam um projector, um ecrá branco, cadeiras cinzentas e 5 mulheres que, pensei eu, iriam apresentar o produto em questão. Errado! Apenas uma falou, durante cerca de hora e meia, de parte dum projecto que ainda só está alinhavado e ainda não tem nome. E durante quase hora e meia eu questionei-me quando é que as outras senhoras - todas devidamente apresentadas ao público presente - iriam pôr a boca no trombone. Para meu alívio, o final da apresentação chegou e estas senhoras não falaram.
E ainda bem, pois quando saí do hotel, à hora prevista, estava um sol esplendoroso e um céu azul lindo do morrer, a reflectir na piscina exterior que hei-de visitar um destes dias.
(Googlem imagens do hotel e já terão uma ideia do sítio por onde andei.)
(Googlem imagens do hotel e já terão uma ideia do sítio por onde andei.)