Façamos de conta que o nome que consta do meu cartão de cidadão é ...sei lá, Felismina.
(Isto é só para aqueles que me lêem e que ainda não sabem o meu nome verdadeiro, e que certamente, a esta altura de vida do blog, devem contar-se pelos dedos duma mão.)
Façamos de conta que o que vou contar envolve um homem chamado...sei lá, Felisberto... e uma outra mulher chamada... Felizmina. (O que vou contar envolve duas mulheres que têm o mesmo nome, que soa igual, mas escreve-se com consoantes diferentes e que por sinal conheceram-se pessoalmente hoje.)
Há uns meses, regressava eu alegremente de Guimarães e toca o meu telelé. Sem largar as mãos do volante, reparo que a chamada é de alguém conhecido, com quem já não falo há algum tempo: o próprio Felisberto himself. O que me deixou bastante intrigada, pois foi um telefonema inesperado. Lá toco no botão do bluetooth e ele começa a perguntar-me o seguinte: "Então, Felismina, por onde andas? Lembras-te de que combinámos almoçar hoje?". Eu olho para a minha companhia do lado direito, começo a rir-me e respondo "Felisberto, eu acho que estás a falar com a Felismina errada. Nós não combinámos nada para o almoço." Ao qual ele responde: "Olha, deves estar a brincar, ainda falámos ontem deste almoço." E eu lá insisto, dizendo-lhe que eu não sou a Felismina que ele quer. Recordo-lhe quem sou e a conversa acaba com treta de circunstância entre colegas de profissão.
Passados nem dois minutos, lá toca novamente o telelé e eu ainda em viagem. Nem o deixo falar e ataco logo, reiterando: "Felisberto, tens os nomes ou os números trocados. Não é comigo que queres almoçar." Ele, coitado, confuso, ainda questiona:"Mas tens a certeza que não combinámos nada?", e então digo-lhe novamente que eu e ele já não falávamos há algum tempo, por isso não, não havia almoço um com o outro. E a coisa ficou por ali.
Hoje estava na amena cavaqueira, no meu novo local de trabalho, com outra colega nova na casa e que por sinal tem o meu nome. Conversa para aqui, conversa para acolá, chegámos à conclusão que tínhamos passado pela mesma escola, mas em anos diferentes, e que conhecíamos as mesmas pessoas. Começámos a trocar nomes de gente conhecida e eu refiro então o nome do Felisberto. Diz-me a colega que o conhece muito bem, que é muito amiga dele. De repente, dá-se-me um click e ocorre-me a conversa disparatada que tinha tido com o Felisberto, há uns meses, enquanto viajava, e pergunto-lhe: "Então, eras tu a outra Felizmina com quem o Felisberto ia almoçar naquele dia em que me telefonou por engano??" E lá lhe conto a história acima relatada e ela confirma que efectivamente, nesse dia, tinham ido almoçar ao BragaParque.
Isto há coisas que nem ao diabo lembram. Se, contudo, voltar a cruzar-me com o Felisberto, vou recordá-lo da Felismina que não era a Felizmina. Ai vou, vou.