Sendo filha única num tempo em que era deixada sozinha em casa, após a escola, com as devidas recomendações, sem que os meus pais chegassem antes das 18 horas (ela) e 19:30 (ele), tinha a casa antiga toda para mim. O que me permitia bisbilhotar à vontade o quarto deles. Não é que fosse um quarto rico ou luxuosamente mobilado, mas o meu mundo alterou-se radicalmente quando descobri - tenho ideia que teria 11 ou 12 anos - que os meus pais guardavam uma revista da Playboy debaixo do colchão e que numa gaveta da cómoda existia uma caixinha com umas borrachas cuja utilidade desconhecia naquele momento, mas que achei interessante encher de água a ver no que resultava.
Nunca mais olhei para eles da mesma forma.