segunda-feira, 19 de dezembro de 2005

Conto de Natal...ou talvez não.


Há muito, muito tempo, andava uma menina com um gorro vermelho a passear sozinha pelas planícies verdejantes que circundavam a sua aldeia de anões. Nesta aldeia, reinava um chefe barrigudo e barbudo que gostava imenso de festas, guitarradas e cervejola. Este chefe era igualmente doido por leques vermelhos e pretos. Também gostava de ser transportado para a peixaria mais próxima em cima de um escudo (será que alguém no seu perfeito juízo elegeria para seu chefe alguém que se deixe transportar de modo tão inseguro? e se o escudo passasse a ser euro, o que aconteceria?)
Naquele dia solarengo de Inverno, apareceu vindo do nada uma figura algo estranha, com sombrinha a cobrir-lhe a cabecinha, não vá o sol queimar-lhe os poucos pelitos que ainda lhe restavam. Esta visível falta de pêlos era compensada por uma barba branca farfalhuda, que lhe chegava aos pés. Esta figura apresentou-se aos aldeões como sendo um mago. Até trazia chapéu de cone e varinha mágica a ornamentá-lo (o chapéu estava pendurado ao pescoço, não vá não terem percebido porque raio é que ele precisava de sombrinha com um chapéu destes).
Ora a nossa menina, acabadinha de chegar da sua passeata matinal, não é de modas e pimba...atira-lhe com uma pedrita às costas e pergunta-lhe:
-Viste o Pai Natal no caminho para cá?
Ao qual o nosso amigo respondeu:
-Sim...ou melhor, não...não vi, mas ouvi-o quando passei por um pântano, na margem do qual se situava uma casinha numa árvore e de onde vinham duas vozes bem distintas, ou melhor, barulhos, do género daqueles que as pessoas normais fazem quando enfardam caracóis ou comem feijões ao pequeno almoço. Fora de portas andava um burriquito palrador sempre a espreitar lá para dentro. Um dos dois seres que estavam dentro de portas tinha um sotaque nórdico e o tal burro não parava de repetir " eu portei-me bem, eu portei-me bem, eu portei-me bem". O outro ser falava "axim, à xopinha de maxa" e mandava perdigotos cá para fora. Apercebi-me disto, porque o "nórdico" disse amiúde: "caralho, pára lá de amandares com essa merda pra cima do meu prato de tripas."
Volta a miúda do gorro vermelho ao ataque:
-E por acaso não reparaste se os leques que ele trazia eram pequenos ou grandes? É que se forem grandes, têm que ser devolvidos antes do dia 21 de Dezembro, que é quando nós celebramos o Natal. Nesta aldeia não são permitidos tamanhos XL, apenas XSL, de modo a evitarmos discriminações e enforcamentos porque alguém se lembrou de roubar o leque alheio.
Responde o nosso mago de barbas brancas:
-Não consegui ver o que ele tinha no saco vermelho, mas sendo ele quem eu penso que ele era, com certeza que não irá desiludir ninguém.
A menina deu-se por satisfeita e decidiu ir laurear a nêspera para aquelas bandas do pântano. Não é que no caminho depara-se com com um grupo de homenzinhos vestidos com meias calças verdes e gorro verde, a dançarem algo muito estranho!! Claro que a reacção só podia ser uma: "Seus panascas!"...e lá continuou a sua voltinha, a cantarolar e a saltitar.
Quando finalmente se aproximava da tal casinha da árvore perto do pântano, conseguiu ouvir o barulho ensurdecedor que saía lá de dentro e correu, correu, para verificar se tinha faltado a alguma festa importante.
Ora, o que é que ela conseguiu visionar: um ser disforme, verde, com dentes amarelérrimos, a chuchar caracoletas; um velhinho de barbas brancas, fatiota vermelha e botas pretas perdido de bêbado, a balançar-se para trás e para a frente numa cadeira e que cantava "ò rosa arredonda a saia, ó rosa arredonda-a bem, ó rosa...."; e para completar o cenário, uma gaija ruiva, alta, de vestido vermelho bem apertadinho, cai-cai, com parte do cabelo a tapar-lhe a testa e a fumar a sua cigarrilha.
"Ora muito bem", pensou a nossa querida criança de gorro vermelho, "nada como uma festarola com 2 gaijos e uma garina à maneira para terminar duma vez por todas com este suplício que tem sido a minha adolescência. E aquela garrafita tá com tão bom aspecto que vou já entorná-la pela goela abaixo". Assim pensou, assim o fez, sem que qualquer dos outros a interrompesse. Ainda mais que "natal é quando um homem quer e a mulher deixa"; e aqui tinhamos dois seres do sexo masculino e dois do feminino e ninguém se opôs a que a miúda provasse o néctar dos deuses.

(não, não vai ser nada pornográfico)

A tarde já ia longa, o sol já se punha e já se ouviam os anões a regressar à aldeia, lá ao longe. Contudo os nossos 4 amigos estavam com pouca vontade de arrumar a loiça. Estavam num estado tão lastimoso que o nosso amigo burriquito atreveu-se a sacar duma máquina fotográfica digital Sony Cyber-shot DSC-P200 Cinzenta que estava em promoção na Worten lá do sítio (por sinal bem baratinha), e conseguiu fotografar o nosso Pai Natal, que passo a apresentar:



Quanto às outras personagens, o burriquito achou por bem não me enviar mais fotos da ocorrência, de modo a eu não me sentir chocada com tamanha porcaria que ia naquela caverna, tal era a quantidade de garrafas de tinto alentejano e pacotes de pipocas que andavam por ali espalhadas.

Por respeito aos inadvertidos leitores e porque a hora já vai adiantada, ouso terminar o meu Conto de Natal agora e aqui. Se acharem que o final deve ser outro, ou que há alterações a fazer, disponham sempre.
Fiquem bem.

Pronto, tá bem! Mas eu já nem reconheço as entranhas disto!

Save water, drink wine! Ando muito ecologista! E estou viva! Ao contrário da outra que deu de frosques sem ai, nem ui! E tinha muita coisa p...