Pensei eu que ia dormir a sesta hoje à tarde, em frente a um ecrã gigante numa sala escura. Em vez disso, alugámos, por €12,30, uma sala enorme, com imensas cadeiras vazias - excepto as nossas três - e som suficientemente alto que impediu a nossa tagarelice enquanto visionávamos o Matt Damon perdido em Marte.
Bem melhor do que estava à espera: um filme que dura mais de duas horas, capaz de captar a minha atenção desde os primeiros minutos e mantê-la até ao fim, passado maioritariamente num planeta vermelho, frio, inóspito, habitado somente por um botânico-astronauta que mantém, durante quase dois anos, uma resistência física, mental e psicológica perante a situação de solidão desesperante que enfrenta segundo a segundo, ao mesmo tempo que o seu nível de humor permanece num patamar bastante elevado. Incrível a sua capacidade de, com merda humana, fazer agricultura num local onde a água não abunda. Incrível a capacidade mental posta à prova diariamente de ser bem sucedido na sua sobrevivência e em, finalmente, comunicar com a equipa terrena através do seu diário digital. Pragmático dia após dia.
É um filme que levanta muitas questões humanas, científicas, que desafia o poder de decisão de muitas pessoas e povos habitualmente em pólos opostos, no que toca a explorações pioneiras. Uma vida humana vale mais do que os milhões gastos em programas espaciais internacionais. Correu bem, claro.
A referência ao "Senhor dos Anéis", a música disco dos Abba, o Senhor Bowie e o seu "Starman, o esgotado ketchup, o voo à "Homem de Ferro" são tudo motivos para me fazerem rever a película em casa.
Sem pipocas, tal como nesta sala só para nós.