Nunca tive como hobby tirar fotografias. Tal como nunca tive como hobby ser modelo particular de alguém. Não sou fotogénica e não gosto de me ver na maior parte das fotografias que me tiram. E um dia hei-de mesmo organizar o meu "álbum dos horrores"! Admiro quem tem paciência para esperar e captar "o momento" certo, com a luz certa, na posição certa. Eu não a tenho, a paciência, e nem a habilidade.
Há cerca de 16 anos, ofereci uma Canon ao mais-que-tudo, que na altura ainda não o era oficialmente, apenas para lhe dar o prazer de o ver a tirar a pormenores que a mim certamente escapariam. Fotografias essas que foram sempre reveladas e têm sido amontoadas em três casas, distantes umas das outras. Ele tem jeito e gosto e tem desenvolvido ambos. Há três anos rendeu-se a uma máquina digital, outra Canon, tornando mais fácil e mais barato o armazenamento dos nossos "tesouros" de vida.
Aquando das nossas mais recentes limpezas e arrumações nesta casa, deparámo-nos com imensas, em papel, que já estavam esquecidas. E sorrimos ao passá-las de mão em mão, enquanto contávamos ao catraio a origem de cada uma. E esses momentos de recordação que nos devolvem sorrisos são o que mais valorizo numa fotografia: saber que um dia estivemos em determinado sítio, com aquelas pessoas, a viver aquele momento.
Gosto de fotos de paisagens, gosto de rostos alegres, sejam de crianças ou de gente mais velha. Gosto destas a cores. Mas gosto ainda mais dum bonito corpo nú, dele ou dela, a preto e branco, com as suas sombras e contornos e o que não se vê, mas deixa que eu imagine.
Gosto de reviver através da fotografia.