Minhas amigas, perdoem-me o exagero do título, mas veio a propósito da Inha não saber quem é o Bob, the Builder, como afirmou há 2 posts atrás. Mãe que se preze sabe quem é o Bob, o Noddy, o Pocoyo, as Wings, o Vickie, os (as?) Little People, o Harry, a Lilo e o Stitch, o Faísca McQueen, o Buzz Lightyear e mais, muitos mais. Há lá alegria maior do que passar horas ao lado do filhote lindo a ver estas personagens e a observar os seus sorrisos, as suas gargalhadas, a ouvi-lo a repetir as falas, a brincar ao faz de conta, a fingir que somos um cilindro (aqueles das obras) a rolar pelo nosso próprio corredor fora, a contar-lhes as mesmas histórias mil vezes, mas acrescentando um elemento novo aqui e acolá, a receber e a dar beijoquinhas e miminhos, a fazer tudo aquilo que nos apeteceria fazer e que agora nos é permitido porque temos uma criança em casa?
Claro que antes de chegarmos a esta etapa caracterizada por um apego exagerado à televisão , e ultimamente ao computador (tal mãe, tal filho!), há um longo caminho a percorrer.
Caminho esse que começa pelos ensaios de procriação. Se não for à primeira, é à segunda ou à terceira. Ou até passado três anos de terem começado essas sessões, nunca perdendo de vista o único propósito de multiplicação da espécie humana. Aconselho, caso o vosso objectivo das quecas actuais seja a pura procriação, a que coloquem as pernas ao alto após o acto. E não, não estou a brincar! Vão sentir-se umas idiotas, mas é por uma excelente causa.
E os prazeres da gravidez? Acreditem em mim quando digo que é um verdadeiro estado de graça, para a própria barriguda e para o companheiro. Recomendo vivamente! Eu adorei andar barriguda, senti-lo a crescer e a pontapear-me como que a dizer "estou vivo, não tarda estou aí fora". Não há dias de má disposição, há sempre um sorriso nos lábios e no olhar, somos o centro das atenções, aumenta a frequência das massagens aos pés e às pernas, as maminhas aumentam de tamanho o que até pode ser bastante sexy e o sexo não acaba. Temos sempre prioridade nas escadas rolantes e nas filas das caixas de supermercado. No dia em que descobri que estava grávida, enfardei um arrozinho de marisco à maneira, precisamente para celebrar a novidade. E não foi por estar grávida que me fazia de rogada quanto aos petiscos que me iam pondo à frente. 7 meses da "barrigudice" não foram impedimento para um saltinho de uma semana em pleno Inverno à Escócia, onde não só festejei a passagem de ano, como me portei como uma criança perante tanta neve. Nessa semana é que, infelizmente, fui bastante maltratada no que diz respeito a comes-e-bebes. E que dizer daquela ecografia que nos revela o sexo do rebento? Saber que temos um pilinhas dentro de nós (nada de piadinhas, sim?) que irá perpetuar o nosso nome é indescritível!
Não posso também esquecer de mencionar que uma mulher grávida mete respeito. Os olhares lascivos de gente de aspecto duvidoso diminuem consideravelmente à medida que olhares invejosos por parte de fêmeas não-grávidas caem em nós. Somos mesmo o centro do (nosso) universo!
O dia D é inesquecível: contactamos com médicos, enfermeiros e por vezes estagiários, qual deles o mais charmoso! Passamos algumas horas agradáveis refasteladas numa cama, em amena cavaqueira com as outras parturientes. Partilhamos histórias, trocamos números de telemóveis, cuscamos sobre alguém que, afinal, é uma amiga comum sem que antes o soubéssemos. Há uma sensação de proximidade com quem nos rodeia que não se sente em mais nenhuma circunstância. Quando chega a altura-chave, descobrimos em nós uma força e uma energia e uma capacidade de berrar que desconheciamos por completo. É um verdadeiro momento de auto-descoberta. Com a vantagem de não precisarmos de livros de auto-ajuda nem grupos de terapia.
Após o dia D, renascemos com um papel novo. O que lá vai, já passou. Temos agora mais uma razão para andarmos satisfeitas da vida, para mostramos o quão boas somos nesta nova actividade. Adaptamos as nossas noites às novas circunstâncias e voltamos a estar acordadas até tarde, como antigamente, quando ainda éramos pré-mamãs. Temos oportunidade de ver o nascer-do-sol, coisa que a maior parte dos mortais não conseguem fazer. Voltamos a comer aquelas papinhas Cérelac de quando éramos catraias, mas que se tronaram interditas a partir do momento em que nos tornamos adultas supostamente responsáveis. Rejubilamos de prazer quando pensamos que temos que ir às compras todos os dias, porque agora falta isto, agora falta aquilo e agora falta aqueloutro. E porque o rapaz está a crescer a um ritmo alucinante e as calças que dizem servir a bebés de 6 meses afinal não servem ao nosso, que por sinal, ainda só tem 4. Para as consumidoras compulsivas, ser mãe é quase como estar na paraíso!
Quando o miúdo começa a gatinhar temos uma oportunidade de renovar a casa por dentro: torná-la mais segura, mais confortável e acolhedora. Podemos assim dispender mais alguns trocados naquela mobília tão gira que tínhamos visto 3 anos antes, mas que naquela altura seria completamente inútil. E quando ele começar a dar pinotes na cama de casal, a ponto de alterar ainda mais as molas do colchão? Outra bela altura para mudar de dito cujo (colchão - nada de confusões).
Haveria muito mais que contar, mas o post já vai longo e é certo e sabido que as pessoas não gostam de leituras longas e enfadonhas acerca destes assuntos. Como tal, acabo aqui.
P.S.: se depois de lerem este meu testemunho acerca dos prazeres da maternidade vierem dizer o contrário do que aqui partilho ou contar os vossos episódios infernais relacionados com tal assunto, rogo-vos uma praga e nunca mais vou ao vosso blog. Para aquelas que não têm nem blog nem filhos, deixo um conselho: arranjem um de cada! Vale a pena!