Apetece-me divagar.
Sobre qualquer coisa.
Até sobre o cheiro das flores, que neste momento abunda nesta casa e que já começa a incomodar, de tão intenso que é. A minha mãe adorava flores. Não havia uma semana sem que ela mudasse os arranjos cá de casa, sempre com flores diferentes, sempre com o seu toque muito pessoal e sempre com muito bom gosto. Durante muito tempo invejei-lhe tal talento artístico. Nunca o cultivei. Mas gosto, muito, de flores. E tenho saudades, muitas.
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Hora e meia a conduzir, a deixar-me ir para sul à medida que acompanhava o céu a nublar-se, a pensar, enquanto ouvia o puto a tagarelar, que vai ser mais um fim-de-semana a voar. Já são 4 anos. É muito tempo, demasiado. Muito mais do que o que tinha sido planeado. E mais três, pelo menos, pela frente. Planos a longo prazo? Não há. Para quê? A vida prega-nos partidas inesperadas. Num abrir e fechar de olhos já cá não está ninguém que importe verdadeiramente.
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Esqueço-me de pôr de lado as tampas das garrafas de plástico das bebidas que consumimos. Lembrei-me disto hoje, mais uma vez, quando reparei numa amiga que o faz sem pensar. Já é gesto do seu quotidiano. É tudo uma questão de hábito. Tem sido assim, desde 1972. Mas este é um daqueles hábitos que ainda não adquiri. Convém dar o exemplo antes que o puto o faça a nós.
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O sentimento de culpa é uma merda. Gozam-se os bons momentos, em excelente companhia. De repente, parece que tudo desaba à nossa volta e aquelas seis ou sete horas durante as quais esquecemos a realidade são pesadamente postas para trás. E eu digo "nunca mais; não gosto de me sentir assim".
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Porque raio é que há condutores tão mal educados a ponto de me fazerem sinais de luzes na auto-estrada quando vou a 120, 130km/ hora, a ultrapassar outro veículo? Que diferença fazem mais 10 ou 15 segundos numa viagem longa? Só me apetece retardar ainda mais a ultrapassagem e dar-lhes uma buzinadela quando me ultrapassam. Sim, Senhor J.F., sou uma empata-fodas. Mas pefiro assim do que espetar-me na curva seguinte.
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Entre a cidade e a aldeia, prefiro a cidade, desde que as visitas frequentes à aldeia, continuem. Eu sei que vão. Nada como ouvir o chilrear dos pássaros pela manhã orvalhada, o ladrar constante do Oscar e saber que não há deveres a cumprir, para recarregar energias. E gosto do anonimato da cidade. Gosto de passar despercebida.
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Esqueci-me do dia de ontem, 29 de Junho. Mas o Nuno não se importa, com certeza. Temos o resto do verão para festejar e noutras terras. Estes esquecimentos estão a acontecer cada vez com mais frequência. Não que tal me incomode, já que dou cada vez menos importância a estes dias. Mas é sempre agradável ouvir alguém do outro lado. Espero que ele também não se tenha chateado muito.