A Rita é uma adolescente que conheci o ano passado, com um aspecto físico mais volumoso do que seria aconselhável para a sua idade e estatura. Veste de preto, a condizer com a tez morena e olhos escuros e maquilha-se demasiado, quanto a mim.
Não me lembro do que lhe disse que causou a reacção dela, mas, sem mais nem menos, a dada altura, à entrada duma sala, surpreendeu-me com um abraço bem agarradinho, bem forte, bem cheínho, que recebi com outro abraço, talvez menos efusivo. No final dessa aula, chamei-a à parte e disse-lhe que tinha gostado imenso do gesto espontâneo dela. Que me fez sorrir, por fora e por dentro, de tão inesperado que foi.
Este ano passa por mim diariamente, cumprimentamo-nos sempre com um sorriso franco, com troca de comentários, com imensa saudade. De vez em quando, sem que eu perceba os critérios - porque é que abraça em certos dias e noutros não- abraça-me novamente do mesmo modo, efusivo e caloroso. E é sempre abraçada de igual maneira. Não há como não o fazer. E sabe tão bem!