Um destes dias, o meu fornecedor de links interessantes, aka Riquinho para quem é da casa, mandou-me um com um texto acerca das redes sociais, do facebook e twitter em particular. Eu tenho conta no facebook, nunca tive no twitter e espero continuar mentalmente sã para nunca abrir uma. 140 caracteres não chegam nem para escrever alguns dos meus títulos, quanto mais o que me apetece! Quanto ao facebook, abri conta por influência duma pessoa que nunca vi à minha frente nem conto ver antes de morrer, mas nunca se sabe. De qualquer modo, é algo que raramente uso. Não lhe acho piada nem utilidade. Aliás, chateia-me ainda receber algumas notificações sobre assuntos que não procuro. Da última vez que fiz anos, fui bombardeada pelos meus contactos de lá. Claro que gostei, mas questionei-me se, caso não tivessem sido digitalmente avisados, se teriam recordado do meu dia. Duvido muito. E ainda não lhes agradeci via facebook nem conto fazê-lo. Sou anti-social, que hei-de fazer? E eu que há uns anos era frequentadora de salas de conversação online e vibrava com as novas amizades que por lá se faziam! Inclusive cheguei a ir a um jantar de chatters, no Porto, pessoal que nunca mais vi mais gordo.
Mas voltando às redes sociais...
Na perspectiva do autor do tal texto, estas servem basicamente para que as empresas por detrás das páginas sondem os gostos do pessoal que por lá anda, para coscuvilharem com o intuito final de conseguir comercializar algum produto que nem sequer era necessário ou atraente, mas de repente passou a ser para milhões de pessoas. É possível que esta ideia seja uma verdade acerca destas redes. Eu continuo a gostar de tocar, cheirar, olhar de perto o produto que quero comprar. Até já desisti de fazer compras na Vertbaudet! (Já são poucas as roupas de lá que servem ao meu petiz, de qualquer modo). O senhor afirma ainda que nas redes sociais não se criam amizades, fazem-se "allies", aliados. E eu acho que ele tem uma certa razão: convive-se com pessoas através duma máquina, conhecem-se os gostos uns dos outros, os ódios, as preferências e sei lá que mais. Mas a quantas pessoas das redes sociais recorreríamos para nos ajudar a resolver um problema grave, de saúde ou dinheiro, que precisasse de resposta imediata? Sei que o Carlos Martins e família receberam imenso apoio depois de terem partilhado o que se passava com o filho. Mas será que se pode chamar "amigo/a" a cada uma das pessoas que se solidarizaram com a situação? São amigos, sim, mas a um nível diferente dum amigo que se conheça há anos e de cujo cheiro ou sorriso ou hálito matinal horroroso nos recordemos. São amizades artificiais, com origem numa situação urgente, esporádica e, espera-se, única na vida duma pessoa.
É mais ou menos como esta cena dos blogues. Criamos afinidades com este e com aquele, lemos os blogues uns dos outros, comentamos, discordamos, brincamos, odiamos, formamos a nossa rede social de leitores / escritores, mas quantas destas pessoas são realmente nossas amigas? Quantas destas pessoas estaríamos nós dispostos a ajudar sem ser apenas com palavras escritas? Quantas destas pessoas se aperceberiam que tínhamos estado num hospital, inesperadamente, a não ser que viéssemos aqui escrever sobre tal?
Claro que me dá prazer estar aqui a escrever para ser lida e ler os outros. Não só gosto da atenção que aqui recebo, como a minha costela de cusca delira com as novidades que alguns e algumas bloggers deixam sair cá para fora. Gosto de saber que as pessoas andam bem e felizes. Também gosto dos seus textos mais lacónicos, azedos e sem papas na língua. Mas ainda não me considero amiga deles e delas todos, não na minha acepção de amizade. Falta-me ver os sorrisos e as lágrimas, tocar-lhes na pele, apanhar-lhes os tiques que não revelam na escrita, ouvir-lhes o tom de voz e concluir do seu humor do momento. Se é possível apreender tudo isto dum texto? Possível é, mas não é a mesma coisa.
Resumindo, as redes sociais, dos quais os blogues são apenas um raminho pequeno, são também uma ilusão de amizade alimentada por nós todos, dão trabalho a muita gente, lucro a mais alguns, dissabores a uns, alegrias a outros e entretenimento a milhões. Por isso é que eu ainda aqui ando.