Deve ter havido algum jogo de futebol importante entre as 16:20 e as 17:50, pois não tive qualquer discente na sala onde, há menos de 2 semanas, foi marcada a aula para hoje. Até estou curiosa para, amanhã às 8:25, ouvir as razões deles. Isto se Portugal perder hoje, pois se ganhar, prevejo não ter alunos tão cedo.
UM BLOG ESCRITO POR DUAS PARVAS E LIDO E COMENTADO POR GENTE ASSUMIDAMENTE TÃO OU MAIS PARVA DO QUE ELAS...AQUI POUCO OU NADA SE APRENDE!
quarta-feira, 27 de junho de 2012
terça-feira, 26 de junho de 2012
Pura ficção
Finais do mês de Junho, norte de Portugal
Acordarei quando o meu corpo der de si ou até quando o calor nocturno me permitir dormir. Esfregarei um olho, depois o outro, ponho a perna de fora da cama e pensarei: "Será que já refrescou, como eles tinham previsto?" Irei à varanda e confirmarei que, apesar do céu nublado, ainda estará suficientemente quente para dar uma saltada à praia, a Esposende, nem que seja apenas para comer um geladito e sentir a areia debaixo dos pés. Comerei uvas e um iogurte ao pequeno almoço e tomarei um duche quase frio. Tomarei o meu primeiro café matinal no café habitual e dirigir-me-ei à viatura que me levará para zona mais a ocidente. Pouco mais, mas o suficiente para me sentir mais fresca. O almoço consistirá numa salada de camarão com queijo e molho cocktail, acompanhada de um sumo natural com duas pedrinhas de gelo, numa esplanada em frente ao mar azul, frio e algo revoltoso. A brisa marítima e cheirosa ajudará a manter o corpo relativamente fresco. Estenderei a toalha na areia por volta das 16:00, onde ficarei até à hora do chá. Regressarei à cidade à hora de ponta e sentirei o calor vespertino tórrido, seco e sufocante que não senti durante o dia. Relaxarei na banheira durante mais tempo do que de manhã, em temperatura pouco mais fria. O cabelo comprido e molhado ajudar-me-á a manter-me fresca durante mais tempo. O jantar consistirá em fruta saída do frigorífico, fatias de fiambre e queijo. Leitinho achocolatado gelado será a última bebida do dia antes de voltar à cama num quarto relativamente fresco, após mais uma noitada a ver o AXN.
segunda-feira, 25 de junho de 2012
Dos exames
Vigiá-los é a maior seca inerente à profissão. Amanhã, por volta do meio dia, terei feito 12 horas intercaladas de vigilância. Até um peido sussurrante se ouve naquelas salas!
domingo, 24 de junho de 2012
E agora algo realmente importante que o puto perguntou ao almoço
Será que vamos ver o Eusébio ao vivo a entregar a respectiva Taça no dia 27 do próximo mês? Lá vou ter que usar um adereço desportivo a propósito da ocasião! E usar tampões nos ouvidos! E não esquecer de levar a máquina, desta vez. Nunca se sabe quando é que o CR decidirá abordar uma pessoa como a JE! No dia seguinte, está planeada uma visita ao outro Eusébio e a outro tipo de animais, mais genuínos.
quinta-feira, 21 de junho de 2012
Foi hoje, foi hoje, foi hoje!
Que se acabou a temporada 1 da série "Missing", abrindo-me o apetite para a próxima: desta vez a desaparecida é a mãe. E eu a pensar que o último episódio estava a ser uma chachada e de repente dou por mim embasbacada!
É hoje, é hoje, é hoje!
Aposto que não sabem a que me refiro e que o vosso primeiro pensamento foi para o jogo que começa daqui a 20 minutos. Mas não!
quarta-feira, 20 de junho de 2012
Hoje choveu, de várias maneiras
E ainda por cima, do tecto gotejavam pingos com uma cadência absolutamente irritante. Mas os meus, de rajada e repetidos duas vezes em menos de hora e meia, suplantaram os da infiltração. Alternados com sorrisos e risos de mãe emocionada e fascinada com as coreografias, o sincronismo, o colorido e a criatividade demonstrados em palco por petizes como o meu. Um espectáculo que certamente não ficou nada atrás de outros, exibidos noutras salas de espectáculo do país.
segunda-feira, 18 de junho de 2012
O que eu e um certo grupo temos em comum
Trabalhamos muito bem, apresentando resultados visíveis e excelentes, sob pressão do tempo.
domingo, 17 de junho de 2012
Petisco alemão
Descobrimos este fim-de-semana que a bicha gosta de Wienerwurst. Numa próxima oportunidade dou-lhe a experimentar Nobre. E que bem que ela morde! Falo por experiência própria.
sábado, 16 de junho de 2012
"É a completa loucura!"
Esta foi uma das frases proferidas por um dos colegas de turma do meu petiz quando, ainda estavam presentes os pais que os levaram ao parque de diversões a uns 25 Kms daqui do burgo, viram o que os esperava: liberdade no meio dum bosque imenso, com direito a escalada, rappel, slide, caminhadas, BTT e mais não sei o quê. Tudo isto para um dia e meio, na companhia de monitores adultos e de dois pais (os intermediários entre os organizadores da actividade e a empresa), os únicos que irão pernoitar hoje com eles, em tendas ou em casinhas pitorescas construídas totalmente em madeira - entrámos na Casa Lagarto, o quartel de campanha do grupo - e com as necessidades básicas: camas, uma casa de banho, um frigorífico, um fogão, uma TV, uma mesa e cadeiras. A esta hora a quantidade imensa de roupa que cada um levou já deverá estar quase toda inutilizada, as sapatilhas devem estar boas para acender uma lareira à noite e os snacks já se terão esgotado. E eu deixei o meu com o coração nas mãos depois de ver os penhascos e pensar que, se algum se perder à noite, haverá uma espécie de Caça ao Homem numa área que ronda os 170 hectares no meio do nada.
(As fotografias foram retiradas do site oficial.)
quinta-feira, 14 de junho de 2012
O que não vale a liberdade
É agora que vou concretizar um desejo secreto: ajabardar a obra de alguém conhecido, com o seu conhecimento e permissão!
quarta-feira, 13 de junho de 2012
Estou com os azeites e a selecção ganhou, finalmente
Acho absolutamente desmesurada a importância que se dá ao futebol nestas competições em larga escala e vergonhoso o que aconteceu no meu local de trabalho. E mais não escrevo, senão ficaria aqui a noite toda a apontar o dedo! E ainda querem que os adolescentes alterem comportamentos. Como, se são os adultos que dão os piores exemplos de irresponsabilidade?
terça-feira, 12 de junho de 2012
Continuação da continuação
O Ricardinho não alcançou tão longe; nem sequer saiu do país. Mesmo assim, conseguiu chegar à capital, a cidade de que tanto tinha ouvido falar e com a qual sempre tinha sonhado, desde que leu “Uma Aventura em Lisboa”, com a tenra idade de 6 anos. Desde sempre se mostrou um miúdo intelectualmente precoce, com gostos literários distintos da maioria dos seus colegas de escola, semelhantes apenas aos do Zezinho devido ao gosto comum pelo obscuro, pelo mórbido, até pelo terror. Com 9 anos, já tinha lido Edgar Allan Poe traduzido, e, na brincadeira, os seus coleguinhas mais cruéis, chamavam-lhe “o adorador de monstros”.
Mas regressemos à capital lusa... Lá, teve a grande sorte de se cruzar na estação de Santa Apolónia com outro miúdo, de aspecto franzino e algo carrancudo, com quem logo sentiu bastante empatia, após uma horita a conversarem sobre os planos que este tinha. O que até estranhou, pois na aldeia nunca foi dado a grandes amizades e a momentos de exteriorização, à excepção do amigo Zezinho. Talvez este desconhecido fosse a sua primeira âncora na grande cidade. E de facto, assim se revelou. O tal gaiato, um ano mais velho, estava decidido a impor-se no mundo artístico, a começar pelo teatro. Pipinho era o seu nome.
Ora, o nosso Ricardinho queria ser fotógrafo profissional e ainda na aldeia, tinha conseguido poupar o suficiente para comprar uma Leica analógica, composta por cerca de 1200 peças, agregadas manualmente, de fabrico quase exclusivamente português. Uma máquina fotográfica das antigas, portanto. Que ele não era nada dado a estas modernices do mundo digital. Ele gostava das imagens naturais, sem quaisquer malabarismos visuais emprestados por “photoshop”. E gostava especialmente de fotografia a preto e branco. O seu portfólio visual, que andava sempre com ele, às costas, acompanhou-o nesta aventura lisboeta, pois não se sabia quando é que ele teria oportunidade de mostrar a alguém do mundo da imagem as suas fotografias paisagísticas e das pessoas sorridentes da sua aldeia.
O Pipinho e o nosso Ricardinho decidiram procurar um espaço suficientemente grande, mas não demasiado caro – talvez umas águas furtadas - que pudessem arrendar ao mês, de modo a poderem desenvolver e exibir os seus dotes artísticos. Diz-se que a sorte protege os audazes e no caso deles, tal concretizou-se, pois, após 4 noites primaveris a dormir ao relento, sempre perto da Estação de comboios (havia casas de banho onde podiam desenrascar-se no que toca a higiene pessoal), encontraram um pequeno apartamento, pobremente mobilado mas com o suficiente para ambos sobreviverem, com 2 quartos e uma sala suficientemente grande para se sentarem mais duas pessoas à mesa. Só faltavam as cadeiras, pois as existentes, já encostadas à parede, não aguentariam nem com um lingrinhas como o Pipinho, quanto mais com pessoas de porte físico normal. O apartamento localizava-se perto do Castelo, num quarto andar, o último do prédio que não tinha elevador, e da pequena varanda da cozinha avistavam-se as centenas de antenas que decoravam os telhados lisboetas. Foi este pano de fundo que o Ricardinho fotografou a preto e branco, com o Tejo e a Ponte Salazar ao fundo, e que logo que pôde, revelou e colocou numa parede do quarto.
segunda-feira, 11 de junho de 2012
Continuação
Os dois rapazolas reapareceram tal como desapareceram: inesperadamente e surprendentemente. O Zezinho, cabeludo e sebento, com o seu ar de matulão carregava uma mochila preta e trazia na mão um bastão que o ajudava no regresso a casa. O Ricardinho, com bom aspecto, sorridente, também tinha botado corpo e na verdade, estava com melhor aspecto do que o compincha.
Só no dia seguinte, quando os dois se reuniram no largo da igreja, a descoberto dos velhotes e das beatas que entretanto se foram aproximando, é que eles confirmaram o que a padeira, Dª Antónia, tinha segredado ajoelhada ao pároco da aldeia. O que ela não sabia, porque já sofria de surdez avançada, é que as suas confissões segredadas eram ouvidas na igreja por quem mais lá estivesse e foi assim que tudo se espalhou aos sete ventos.
Ora, quando desapareceram, os meninos Zezinho e Ricardinho tinham, um belo dia, acompanhado o Sr. Bonifácio, esposo da padeira desde há 37 anos, na sua carrinha, com a qual entregava diariamente o pão na aldeia e arredores. A partir daqui, e naquela madrugada, deram o salto para o mundo, deixando o seu mundo preocupadíssimo. O que durou pouco, pois semanas depois, chegou à aldeia um bando de forasteiros, homens e mulheres loiros, de tez clara, que fizeram as delícias da aldeola e esquecê-los dos petizes foragidos. Contaram eles, um ao outro e a quem mais se dispôs a ouvi-los, por onde tinham andado e o que tinham feito.
Depois de se terem separado, o Zezinho, mais arrojado, aventureiro e muito confiante nas suas capacidades de orientação e desenrascanço, apanhou boleia de um camionista, bastante simpático e prestável que, porque gostava de viajar acompanhado e não tinha medo de estranhos, lhe deu boleia até à longínqua Holanda. Começou por ajudar na plantação de papoilas e outras flores, até arranjar carcanhol suficiente para adquirir uma bicicleta catita, com a qual andou a percorrer as verdejantes planícies campestres. Mais tarde, e já alojado em Roterdão, onde chegou de bicicleta e donde partiu no porão dum navio de carga, de regresso à terrinha, ainda arranjou trabalho como carregador de paletes no Porto Velho. Lá, tinha conhecido velhos marinheiros e personagens algo suspeitas, com um sentido de honra bastante apurado. Contudo, um dia, sentiu saudades do pão português. E num impulso, abandonando a Duquesa, nome carinhosamente dado à bicla, refugiou-se num navio que iria chegar à Galiza uma semana após a partida. E foi deste modo, após atracar em terras galegas, que depois deu o salto até Vila Praia de Âncora e de seguida para casa.
domingo, 10 de junho de 2012
Serão dominical
Após mais um fim-de-semana atribulado, passado cá e lá, lá e cá, literalmente, devido a razões de vida e morte, sabe bem chegar a casa e estatelar-me no sofá, precisamente no cantinho tão disputado e não fazer mais nada a não ser "zapping". As preferências televisivas dividem-se entre os canais 41 a 43 e o 60 a 66. Os quatro básicos deixam-me profundamente deprimida. Acontece que ando a contar os dias para que chegue 5ªfeira à noite para poder ver a sempre surpreendente série "Missing". Que pena estar a terminar.
sexta-feira, 8 de junho de 2012
Malta, apresento-vos o Zezinho e o Ricardinho.
Aviso que esta repescagem é bastante longa: Quem gostar mais das minhas rapidinhas, pode sempre voltar noutra altura.
Era uma vez dois meninos muito amigos, o Zezinho e o Ricardinho. Andavam sempre juntos, nos intervalos da escola, ao final do dia antes de terem que se separar para ir cada um para sua casa, ao fim-de-semana e até durante alguns dias nas férias grandes de verão.
O Zezinho e o Ricardinho partilhavam o gosto pela leitura: trocavam revistas, livros juvenis, postais, catálogos das mais variadas áreas. E escreviam umas coisitas, também.
Ambos adoravam gastar dinheiro da sua mesada em caderninhos novos, com capas coloridas decoradas com desenhos de carros de corrida, computadores, super-heróis, bolas de futebol do benfica e do sporting e pranchas de surf da Billabong.
Era nestes caderninhos variados que o Zezinho e o Ricardinho jorravam as suas ideias mirabolantes, pouco conhecidas do resto do seu mundo. Eles não confiavam os seus dotes da escrita a qualquer fedelho que aparentasse ser seu amigo. E quanto às raparigas…nem vê-las. Elas faziam parte de um mundo à parte do seu, nem elas se interessavam por eles, nem eles queriam saber das miúdas parvas que só queriam saber da última moda. Não, senhor! Os seus devaneios eram apenas para eles os dois.
O Zezinho era organizado, limpinho na escrita, raramente borratava as linhas onde debitava os pensamentos que lhe voavam na mente. Podia dizer-se que brincava com as palavras como se sempre o tivesse feito desde o dia que nasceu. E só mesmo quando chegava à última página do seu caderninho do momento é que comprava o seguinte, nunca fugindo à regra das capas coloridas com imagens “à homem”. Já o Ricardinho era algo atabalhoado: escrevia em vários caderninhos em simultâneo, por vezes misturando os diversos devaneios nos vários cadernos. Sendo bastante imprevisível, nem ele próprio sabia o que ia escrever ou qual dos caderninhos seria o escolhido do dia. Contudo, revelava sempre uma pontinha de génio e uma imaginação delirante.
O Zezinho e o Ricardinho eram os leitores um do outro. E o sonho de ambos era, um dia, quando crescessem, escrever algo em conjunto, que fosse valorizado por muitos e talvez até ser publicado e conhecido mundialmente. A sua forte amizade era conhecida de todos os habitantes daquela pequena aldeia, que nunca duvidaram que tal parceria desse os seus frutos e um dia viessem a ter naquela aldeia remota dois vencedores de um qualquer prémio literário. Os velhotes da tasca situada ao lado da igreja gostavam imenso de cavaquear com estes dois catraios. E estes, por sua vez, adoravam ouvir os mais velhos, com quem se riam, aprendiam coisas giras sobre os dias de “no meu tempo…” e em quem por vezes se inspiravam para eles próprios escrevinharem algo nos seus caderninhos. Eles sabiam que tinham um longo caminho a percorrer, como as suas mães faziam questão de lhes lembrar amiúde: “Têm que comer muita sopa, peixinho cozido e grelos antes de conseguirem escrever alguma coisa de jeito e fazerem-se uns homenzinhos!”
Um dia, o Zezinho e o Ricardinho decidiram fazer uma promessa. Juraram um ao outro que metade do seu primeiro ordenado ganho limpa e arduamente seria colocado debaixo dos colchões das suas camas e que 25% do ordenado dos 10 meses seguintes teria o mesmo destino. E para quê, perguntam vocês? Só assim, pensavam eles, seriam capazes de comprar um computador já com ligação ADSL à Internet, onde pudessem escrever, publicar e partilhar com o resto do mundo as suas pérolas da escrita, sem estarem sujeitos às restrições impostas por editores, a “falhas técnicas imprevistas” ou mesmo à falta de papel e tinta. Só assim podiam eles ver o seu sonho concretizado!
O Zezinho e o Ricardinho continuaram grandes amigos ao longo da sua adolescência. Apesar do gosto comum na leitura recíproca e na escrita, eles eram dois cachopos bastante diferentes. Senão vejamos:
O Zezinho era um moço extremamente bem educado e refinado. Era também muito erudito, não fosse ele um escritor amador e em todas as circunstâncias escolhia as palavras a usar. Era uma daquelas pessoas que tinha nascido com o dom da palavra e auguravam-lhe um bom futuro, talvez como advogado de cidade ou até político. Contudo, o Zezinho nunca virava as costas a uma luta de punhos e nem a uma de palavras, seja por que motivo fosse. Estava-lhe no sangue não resistir a uma provocação, especialmente quando achava que tinha razão – o que acontecia sempre. E quantas vezes não se meteu ele em sarilhos à conta desta sua característica de guerreador. Muitas vezes, saiu vitorioso das suas batalhas de palavras. Menos vezes saiu vitorioso quando se tratava simplesmente de uma guerra de punhos. Muito olho negro e pisaduras nas canelas teve que tratar a sua mãezinha! Mas ele orgulhava-se de quem era, e dizia que nunca mudaria, só às portas da morte!
Já o Ricardinho era um puto bastante mais recatado. E, contudo, mais multifacetado. Apesar da grande amizade que o unia ao Zezinho, o Ricardinho tinha uma vida paralela totalmente desconhecida do amigo. E só com alguma ginástica de horários nocturnos é que o Ricardinho conseguia esconder esta faceta do seu grande amigo, que de burro nada tinha, mas quanto a isto andava mesmo a ver navios. Era à noite, já a altas horas, que o Ricardinho se dedicava à escrita de contos góticos. A maior parte bastante aterradores para o comum dos leitores e talvez deprimentes. Mas a ele dava-lhe um gozo tremendo ter poder sobre a Noite e sobre a Morte, sobre as figuras negras que escolhia para protagonistas dos seus enredos macabros.
Um dia, o Zezinho e o Ricardinho, algo saturados das mesmas companhias e das mesmas rotinas naquela aldeia remota dum qualquer país à beira do Atlântico, decidiram pregar uma partida aos velhotes, velhotas, amigos, amigas e seus familiares. Simplesmente desapareceram, apenas com um dia de diferença. Não foi nada que planeassem às escondidas, aconteceu. Sem dizerem nada um ao outro, foi cada um para o seu lado.
De início, ninguém estranhou: já estavam acostumados aos súbitos desaparecimentos destes dois fedelhos e sabiam que eles voltariam a aparecer, habitualmente com novas aventuras para partilhar com os velhotes da tasca da aldeia. “Tudo invenções”, diziam estes, “…a estes falta-lhes um bom par de estaladas que é para ver se vão ao sítio”, diziam outros.
A verdade é que desta vez parecia ser diferente: nem sinal deles e já lá iam 6 dias. O suficiente para até os mais rezingões se começarem a preocupar com a ausência dos putos esquisitos que só queriam saber de papéis e historietas diabólicas. Teriam sido levados pelo vendaval da semana anterior? Teriam sido raptados por extra-terrestres? Teriam ido com o azeiteiro que passava na aldeia às 4ªs-feiras de manhã e que gostava de dar um doce às crianças que o rodeavam? Teriam resvalado pela falésia abaixo numa das suas passeatas sem destino? É que desta vez estavam todos às escuras, quanto a esta estranha “desaparição”, como lhe chamou o Padre Benjamim na última homilia. Mistério…
Sem mais nem menos, sem nenhum sinal que os antecedesse ou fizesse prever a sua vinda, tanto o Zezinho como o Ricardinho voltaram a aparecer na aldeia que os tinha visto nascer. Disse quem apreciou a aproximação daqueles dois “estranhos” que eles não pareciam ser nada de confiança: o seu aspecto de vagabundos famintos, vestidos de negro da cabeça aos pés, a precisarem de levar com uma mangueirada pelo costelo abaixo, fez voltar muitas cabeças para trás. E de facto, ao princípio, ninguém os reconheceu. Estavam mais altos, mais espadaúdos. Um tinha deixado crescer o seu cabelo escuro e trazia-o atado num rabo-de-cavalo sebento, diga-se. A barba ainda rarefeita, espalhada aqui e acolá, já lhe dava um certo ar de rapazola gingão, de alguém que já apreciava prazeres terrenos. Estava magrito, notavam-se-lhe os maxilares salientes, bem como as mãos compridas, com dedos finos e unhas algo sujas e maltratadas. Já o outro parecia não ter crescido nem um centímetro; continuava o meia-leca do costume, mas com mais 15 quilos em cima, à vontade. As bochechas bem rechonchudas e vermelhas, sinal de saúde, não enganavam ninguém: por onde quer que ele tivesse andado, este rapaz tinha tratado muito bem de si próprio. Cabelo aparado, face barbeada, sorriso de orelha-a-orelha…bem diferente do rapazito introvertido de há uns tempos atrás. Traziam ambos sacos de viagem, bem recheados, com quê é que não se percebia.
E lá vinham os dois, estrada acima, pela única estrada que cortava a aldeia, numa alegre cavaqueira, a esbracejarem, com passos firmes, como se regressassem a casa num dia normal. Cumprimentaram amigavelmente quem os micava e sobre eles cochichava e dirijiram-se às suas casas, ambas situadas no final da ruela. E só assim é que os velhotes e as velhotas, sentados nos seus bancos de pedra, extensões das casas, com ar de embasbacados, de quem tinha visto fantasmas, finalmente reconheceram aqueles dois gaiatos que, do mesmo modo que desapareceram, repentinamente apareceram.
E o que se tinha passado na aldeia, na ausência dos rapazolas? O mistério adensava-se à medida que o tempo voava e nem sinal dos dois grandes amigos, do Zezinho e do Ricardinho. Nem os panfletos espalhados pelas aldeias vizinhas com as suas fotos e informação pessoal nem os apelos feitos do altar abaixo pelo Padre Benjamim deram quaisquer frutos. As buscas efectuadas pela polícia local foram inconclusivas, visto os rapazes terem desaparecido sem deixar rasto. O que quer que lhes tivesse acontecido iria para sempre ficar no segredo dos deuses e quaisquer suspeitas seriam puras especulações.
Pois assim pensavam as gentes da aldeia. Isto porque havia uma pessoa que sabia muito bem o que lhes tinha acontecido, para onde é que eles tinham ido, como foram e onde estavam naquele preciso momento. Na verdade, a padeira da aldeia era a única que tinha conhecimento dos planos dos dois mafarricos. Era na sua padaria, ao final da tarde, que por vezes os dois rapazes divagavam, versejavam, sonhavam e planeavam o seu futuro. Ora, esta senhora, Dª Antónia de sua graça, já entradota, mas muito vivaça, tinha um olho de lince e nada escapava aos seus ouvidos. Não se intrometia em assuntos de terceiros, mas retinha tudo o que lhe era permitido ouvir. E não foi preciso voltar muito atrás no tempo para juntar as peças todas do puzzle no que àqueles rapazes dizia respeito: eles estavam saturados das suas rotinas e ansiavam por aventuras, qualquer tipo de aventuras, qualquer coisa que os obrigasse a sair daquela aldeia decrepita e cheia de gente velha em idade e mentalidade. Desde sempre leitora acérrima de enredos policiais e detectivescos, foi quem os tinha ajudado a planear a grande fuga, a elaborar um plano tão perfeito que só com a sua ajuda explícita é que alguém seria capaz de deslindar todo este mistério. E só por um deslize de língua, cometido no confessionário, é que se descobriu a parceria.
A Dª Antónia descobriu igualmente que afinal o tal segredo da confissão, apregoado pelos crentes católicos, é um segredo exactamente igual a todos os outros: corre a sete ventos quando menos se convém.
Medida ambiental
Proibir tudo o que seja publicidade não endereçada, seja a colocada na caixa do correio, seja aquela que insistem em pôr no carro. Poupava-se papel, não se gastava água a tentar descolar os papéis do vidro do carro, não se atiravam papéis para a estrada, não se atafulhava o caixote do lixo comum ao prédio todo com porcarias que ninguém pediu e as empresas poupavam uns cobres. Que tal?
quinta-feira, 7 de junho de 2012
quarta-feira, 6 de junho de 2012
Oh pah! Esta é boa!
Tenho um anónimo que quer muito rever-me e não faço a mínima de quem seja. Esta agora!
Desfiles diários ou devaneios meus?
É sabido que nós, mulheres, temos olho para as outras mulheres e eu não sou excepção. E com isto quero eu dizer que, discretamente a maior parte das vezes, ao contrário dos homens, miramos as nossas congéneres de alto a baixo e de baixo a alto. Possivelmente a mirada até pressente que está a ser mirada, mas não reage...exteriormente.
Isto tudo porque na minha escola actual, há desfiles diários de vestimentas super giras, supéééééé fashion e eu faço parte das que miram, não das miradas. E quando as miro, ou melhor, quando aprecio a mesma mulher de alto a baixo e de baixo a alto, dias a fio, penso para mim mesma "onde raio é que ela arranja tempo e dinheiro para vestir peças diferentes todos os dias? quando é que ela vai às compras? será que vai todos os fins-de-semana? será que conhece lojistas que lhe pagam para ela andar a passarinhar os modelitos?" E quem fala duma mulher, fala à vontadinha de mais de uma dúzia que desfilam pelos corredores nos seus saltos e chanatas da moda.
É que eu acho que não é só uma questão de bom gosto e de saber condizer uma peça com este ou aquele acessório. A verdade é que por lá há espécimes femininos que não repetem as peças e eu invejo-as, o que é uma coisa muito feia, como sabemos, porque parecem ter tempo para tudo e mais alguma coisa e nada fica por comprar, pelos vistos!
No outro dia abordei uma destas modelos escolares, com quem já tenho alguma confiança e, ousadamente, elogiei-lhe a albarda do dia: um vestidinho preto, curto e rodado que lhe assentava que nem uma luva, que ela fez acompanhar duns sapatos pretos todos catitas. Enquanto ela me perguntava em sussurro se não parecia estar ridícula - ela parecia-se com uma bonequinha linda - e agradecia os elogios, dei por mim a pensar "será que ela pensa que lhe estou a bater um coiro ou que sou lésbica?" Felizmente fui salva pelo toque e ala que se fazia tarde. Mas caramba, aquela cidade é mesmo uma cidade de aparências!
terça-feira, 5 de junho de 2012
Segredos - XXIV
Hoje descobri algo acerca da minha pessoa tão, mas tão surpreendente, que ainda estou de queixo caído e traumatizada. Ainda não posso revelar, pois ainda estou em estado de choque. E só acreditarei no que descobri quando alguém aparecer com provas irrefutáveis, as mesmas que um dia apresentaram ao meu avô brasileiro perneta.
domingo, 3 de junho de 2012
Descalabro calórico
Gelados, pudins, mousse, tripas de ovos moles, bolo de anos... tudo em menos de 36 horas. Mnnhhaaammmm!!Depois ainda quero que a balança não acuse! De qualquer modo, este fim-de-semana comprei uns jeans com um número que nunca tinha comprado, bem abaixo do que é normal em mim, e não digo de que marca, pois iriam logo perceber a batotice.
sábado, 2 de junho de 2012
É impressão minha ou...
... a secção masculina da Zara está a tornar-se bastante efeminada, para não dizer outra coisa? Camisas de homem com punhos e colarinhos com motivos florais? Nah, dispensa ele e dispenso eu!
Coisas simples que gostaria de já ter feito, mas ainda não fiz e que ainda vou a tempo, haja tempo e dinheiro
- Conduzir um kart e sentir a adrenalina de estar demasiado perto do chão a fazer curvas apertadíssimas;
- Passar um dia na Fundação de Serralves (não vale dizer que vale a pena lá ir este fim-de-semana);
- Visitar os Açores durante uma semana, pelo menos;
- Explorar a capital britânica, onde já estive muitas vezes, mas apenas de passagem para outros destinos;
- Comer ostras salpicadas com muito sumo de limão;
- Viajar de carro até à Holanda e voltar com um sorriso estampado por ter realizado um desejo que dura há anos;
- ...
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