segunda-feira, 6 de maio de 2013

Exercício de escrita - limões


Em cima da sua carroça, espreguiçando-se languidamente sob um sol primaveril já abrasador, atravessou a ponte da aldeia, destino provisório de férias de verão, uma formosa criatura do sexo feminino, em cuja testa escorriam dois finos fios de suor. Trazia na mão o famoso livroDon’t Sweat The Small Stuff  and It's All Small Stuff” e a sua mente percorria todos esses momentos diários e banais com os quais se enervava “por dá cá aquela palha”. Riu-se para si própria, palreando sozinha que nunca se devia ter enervado com o vizinho por causa dos limões que tinham caído no quintal dele. Ele tinha toda a razão, desta vez.

25 comentários:

  1. O Festival

    Era o princípio de Agosto e estava um calor de partir, quando passámos a ponte de Odemira, a caminho da Zambujeira-do-Mar. A gasolina no depósito já estava por um fio e por isso guiava tão devagarinho que mais valia irmos de carroça. Mas também, com o carro cheio destes exemplares do sexo feminino, não era coisa que me ralasse muito. Ao meu lado, a Ana dos Limões, como era conhecida entre a malta do grupo, espreguiçava-se. No banco de trás, a Cristina escangalhava-se a rir, a Luísa não parava de palrear e apenas a Gina não largava um livro. E na minha mente, vinha desde o início da viagem, a passar um filme: um homem e quatro mulheres, acomodados numa única tenda, cinco dias e quatro noites. Belo Festival, pensava eu. Belo Festival…

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    1. Lightman, temos escritor! :)

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    2. Obrigado, gentileza tua.
      Gostei do desafio e da tua história :)

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    3. Idem, aspas aspas :)

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    4. Lightman,

      Gostei imenso da tua história... é corrida, fluida... e nem parece que foi "forjada" para que lá coubessem estas benditas 10 palavrinhas!

      Eu gostei muito deste exercício de escrita que a nossa anfitriã nos propôs... e estou a ver que tu (a julgar pelo final da história) também gostaste!!
      :)))

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    5. Afrodite, adorei a tua história. Ao lê-la, recordei uma certa canção que fala de noites em cetim branco :)
      Parabéns!

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    6. Lightman,

      Referes-te a esta?
      http://jardinsdeafrodite.blogspot.pt/2012/12/nights-in-white-satin-moody-blues.html

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  2. Aqui está uma excelente história!!

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  3. A minha história fofinha:

    Estava um limão a rir, com um livro na mão, enquanto ia a espreguiçar-se em cima de uma carroça, que passava sobre uma ponte que passava sobre um fio de água: ia a palrear sobre sexo como um (de)mente.

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    1. Limão Mg, é uma boa versão, sim senhor; simplista, primárias, mas boa, como qualquer uma das outras. :)

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    2. Mg,

      Tens jeito prá coisa!
      Nunca consegui ter poder de síntese... e tu dás cartas!
      Gostei!!

      (^^)

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    3. Afrodite,
      Gracias. Arranja mais dois e jogamos uma sueca!

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  4. Vim ler só agora a tua versão.
    Já sabia que a tinhas publicado, mas não quis ler o exercício de escrita (como tu lhe chamaste) de mais ninguém enquanto não tivesse tempo para pensar e escrever o meu texto. Tinha receio de ser influenciada pelas histórias dos outros... e queria ser o mais genuína possível.
    A única excepção foi o texto do Tio que li de tarde.

    A tua história está muito bem conseguida e bem contada... porque me transportou para dentro dela... senti o calor abrasador do sol... a sensação de frescura ao atravessar a ponte e o murmurejar do rio... e o cheiro a limões acabados de arrancar da árvore!

    :)

    Agora apanhei-lhe o vício...Vou ler as que encontrar!

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    1. Se souberes de alguma que me tenha escapado, manda link, se faz favor :)

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    2. Passa na Malena porque ela, tal como também prometeu, já publicou :)

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  5. Era uma vez um limão e uma limoa, completamente apaixonados um pelo outro, que viviam juntos desde sempre, no mesmo limoeiro. Só havia um problema, estavam em ramos diferentes. Mas apesar desta situação, eram felizes. Afinal de contas, podiam ver-se todos os dias e palrear, sobre tudo e sobre nada, o dia todo. Para não falar na vista deslumbrante que dispunham. O limoeiro, mesmo à beira da estrada, era praticamente parte da parede daquela ponte antiga, que servia de passagem a todo o tipo de pessoas e mercadorias. A sombra que se projetava desde o tronco até às águas, era o refúgio ideal para animais descansarem, e ponto de encontro para casais de namorados que ali iam, um pouco às escondidas, aproveitando a cobertura oferecida pelas folhas e ramos do limoeiro e pela parede da ponte. Muitas vezes os limões tinham visto jovens apaixonados terem, ali mesmo, debaixo dos seus olhos, sexo pela primeira vez. Foram testemunhas de grandes histórias de fugaz prazer, de paixão avassaladora, de grandes amores, de grandes discussões e de corações destroçados. E também eles o queriam fazer. Estarem juntos, bem mais juntos do que agora, para se poderem beijar, tocar, fazer pequenos limõezinhos. Não havia dia em que não passasse pela mente dos limões que aquele seria um sonho tornado realidade.

    Aquele era também um local onde muitos objetos ficavam abandonados, ora por puro esquecimento, ora porque a pressa de sairem dali, não lhes dava tempo de pegar em tudo. Podia ver-se por ali luvas, chapéus, botões, mas o objeto mais curioso de todos, era sem dúvida aquele livro, aberto, com a capa virada para cima, fazendo uma espécie de tenda, abrigo ideal para pequenos escaravelhos e lagartos, com uma enorme árvore na contra-capa e quatro palavras que não se conseguiam ler na capa.

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    1. Eduardo, rapaz dos seus 20 anos, mas com aspeto de 30, muito por culpa das horas passadas a trabalhar no campo, estivesse chuva ou sol, tinha naquele dia, uma das tarefas que menos gostava do trabalho no campo. Levar o feno para a quinta. Não que ele o tivesse que carregar às costas, que não tinha, mas ainda era uma viagem de cerca de 10kms, e ter que a fazer de carroça, por aquela estrada cheia de buracos, e ter que passar naquela ponte em tão mau estado, deixava-lhe a alma em agonia e o corpo em sofrimento antecipado. Mas lá se fez à estrada, e indo sozinho, sem ninguém com quem conversar e debaixo daquele sol abrasador, o sono instalava-se com bastante facilidade. A sua cabeça já começava a pender, qual cana de pesca a ser puxada por um peixe, os olhos a fechar, a boca a abrir vezes de mais e espreguiçar-se a cada minuto era inevitável. Adormeceu, antes ainda de se aperceber que estava a chegar à ponte. A carroça, agora dirigida apenas pela mula, seguia caminho incerto, quase fora da estrada, quase a ir de encontro ao limoeiro. Foi então que uma das rodas passou por cima do livro, dando um enorme solavanco, que fez Eduardo dar um salto de braços no ar, ao acordar. O susto foi tão grande, que no salto, acertou em cheio nos limões, derrubando um e ficando o outro preso por apenas um fio do ramo onde estava.

      Os dois limões estavam agora mais separados do que alguma vez tiveram. Ela no chão, ele na árvore. Depois de um primeiro momento de pânico, foi impossivel não rir de toda aquela situação! Afinal, sempre pensaram que só iriam cair da árvore já velhos e demasiado fracos, ou mesmo só depois de mortos, e nunca por terem sido derrubados por um camponês assustado. Riram, riram tanto que a dado momento, o fio que o prendia se partiu, desprendendo o limão da sua prisão, e caindo com um som oco no chão. Caiu e rolou até perto da sua amada. Estavam, agora, finalmente juntos. Podiam realizar todos os seus desejos, todas as suas fantasias, todos os seus sonhos. Foi então que olharam para a capa do livro, conseguiam agora ler o titulo, e sorriram. Sorriram, pois talvez aquele livro tivesse mesmo sido ali deixado pelo destino. Olharam de novo um para o outro e beijaram-se, apaixonadamente, naquela tarde de final de verão, com o sol a por-se, e os seus ultimos raios a iluminarem aquelas palavras escritas a dourado naquela capa vermelha, Um Dia Estaremos Juntos.


      Fim

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    2. Mustache, linda! Apaixonante, ternurenta, algo infantil mas sem o ser em demasia. Imagino a história a ser escrita por um catraio de 12, 13 anos, daqueles que já não existem, com vocabulário e imaginação suficientes para isto.
      De todas as que li, teria muita dificuldade em escolher a que mais gostei, a minha nr1: se a tua, se a da Afrodite...resgistos completamente diferentes. :)

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    3. :)
      Eu ia para fazer outro tipo de história, mais curta e mais de humor (assim no registo do meu blog) mas assim que comecei a escrever, começou a surgiu outra coisa completamente diferente e olha, deu nisto! :)
      Ainda bem que gostaste.
      Também já li a da Afrodite, e é muito boa de facto!
      Venham mais desafios destes! Vou aceita-los todos!! :)

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    4. Mustache, haja imaginação de minha parte para vos pedir mais. :)

      De qualquer modo, continuo a achar que devia publicá-la no teu cantinho, já que temos públicos diferentes: quem te lê lá, não deve passar muito por aqui....e seria um desperdício os teus fãs não conhecerem uma faceta mais séria e literária de ti :)

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    5. Pseudo,
      Ternurenta mesmo... e muito romântica!

      Mustache,
      Gostei muito da tua história!
      Só te confesso que tive de a ler em duas "tranches"... porque o texto é de facto um bocadito longo!

      A nossa anfitriã vai-nos viciar nisto! Eu gostei imenso deste desafio!



      Beijinhos aos dois
      (^^)

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    6. Sólida prosa e fluída história. Parabéns Moustache :)

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    7. Pseudo,
      Se há coisa que não me falta, é imaginação! :) E vou aceitar todo e qualquer desafio teu! E sim, vou postar daqui a nada este texto no meu blog. ;)

      Afrodite,
      Obrigado. Eu tive que dividir em dois coments, porque só podia usar o maximo de 4096 caracteres por comentário! haha E eu não consigo escrever pouco.. lol
      E também gostei bastante da tua história, bem sexy! :)

      Lightman,
      Obrigado. E é Mustache. :)
      E que tal correu o festival? Como esperado? :D

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  6. Aaaaaaaand it's done! (no meu) ;)

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Olha, apetece-me moderar outra vez! Rais' partam lá isto!

P.S.: Não sou responsável por aquelas letrinhas e números enfadonhos que pedem aos robots que cá vêem ler-nos.

Pronto, tá bem! Mas eu já nem reconheço as entranhas disto!

Save water, drink wine! Ando muito ecologista! E estou viva! Ao contrário da outra que deu de frosques sem ai, nem ui! E tinha muita coisa p...