A minha mãe dizia que o facto de eu ter deixado de ir à missa teve a ver com o início do namoro com o homem que é actualmente meu marido. A verdade é que já muitos anos antes dessa sexta-feira acontecer, a vontade de lá ir era pouca e só o fazia para a minha mãe e a minha avó não me chatearem. Quando entrei na faculdade, deixei mesmo de ir, à conta de noites supostamente mal dormidas a estudar e que recuperava durante o fim-de-semana. Aquele ritual dominical, que envolvia dezenas de "locais" bem vistos e bem vestidos, começou a parecer-me tão falso, tão hipócrita e tão somente uma ocasião que, quando acabava, pouco mais servia para comentar a indumentária deste e daquela e pôr a conversa em dia com as pessoas que tínhamos visto na semana anterior. Aliás, cheguei muitas vezes a ficar à porta da igreja a namoriscar, entrando apenas na parte final - só para poder dizer que, de facto, tinha estado na missa.
Casei-me nessa mesma igreja, também (mas não só) pelo motivo acima mencionado. E de há 11 anos para cá, devem contar-se pelos dedos de uma mão as vezes que voltei a assistir a uma missa completa lá. Ou em qualquer outra igreja...
Exceptuam-se estas duas últimas missas, assistidas em Braga, por motivos familiares, que se sobrepõem à minha (quase inexistente) fé e vontade. Não quero com isto dizer que vou lá contrariada, apenas que a vontade de outra pessoa prevalece sobre a minha e a do meu marido. E questioná-mo-nos "Porque não?!?"
Eu, sinceramente, não tenho sentido nada de especial ou diferente no que toca a estas questões de fé. Mas notei diferenças nas duas missas assistidas, comparativamente às que assistia durante a minha infância e adolescência: o padre fala directamente com as crianças, que lhe respondem - não me lembro de qualquer padre me ter olhado nos olhos e falado comigo; a homilia dura entre 5 a 10 minutos - há uns anos, esta durava uma eternidade e não era assim tão raro as pessoas mais idosas adormecerem e só acordarem quando nos voltávamos a levantar; não noto qualquer "feira das vaidades" nesta igreja, ao contrário do que acontecia na da minha aldeia quando as pessoas se engalanavam com a sua "roupa de domingo"; o padre sorri imenso - o de antigamente era velho e sisudo e metia medo.
Duvido que eu continue a ir à missa, depois de passada a fase das cerimónias deste ano, mas não posso dizer que estas duas ocasiões tenham sido um grande sacrifício. Há uma coisa que não mudou: quando acaba, encontra-se garantidamente, alguém com quem pôr a conversa em dia, como a minha colega de trabalho Teresa...
Acho que a última a que fui foi mesmo a do casamento há mais de 12 anos... e olha o lindo resultado :-P
ResponderEliminarAntes disso também já não ia - o grande cisma com a minha católica família ocorreu no início da minha adolescência, e já antes uma das situações que me recordo era ficar cá fora à porta a falar com o meu mui querido, saudoso, comuna e ateu avô até o padre mandar alguém cá fora mandar-nos calar porque estávamos a atrapalhar.
Nada contra a reunião e comunhão de boas vontades animadas por um sentimento moral e do justo... o que lixa tudo é fazerem-no não apenas por si mesmos mas porque pensam ter de prestar contas a um judeu zombie voador.
Tem mas é cuidado com a PDI :)