Eu gostava de gostar de poesia
A verdejarem ao calor dum sol ainda tímido
Mas não gosto de poesia
Não consigo ler quadras sem bocejar
E com isto me vou embora
Daquela poesia que nos faz sonhar
Amar, delirar, reflectir, interpretar
As palavras ditas e as não ditas
Mas eu não gosto de poesia
Nunca gostei de ler e analisar versos
Estrofes, rimas emparelhadas e truncadas
Gostava de saber ler Rymbaud, Byron e Goethe
Talvez até Camões, Pessoa e Neruda
Gostava de me sentir enlevada por estes
E as suas hipérboles de amor
Por metáforas obscuras e fantasiosas
Pelas sinestesias das borboletas silenciosas
Que sobrevoam campos alentejanos
A verdejarem ao calor dum sol ainda tímido
Mas não gosto de poesia
Não consigo ler quadras sem bocejar
E com isto me vou embora
Ler a minha prosa vagarosa
Que me faz querer conhecer mundos
Árabes e japoneses e até portugueses.
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Olha, apetece-me moderar outra vez! Rais' partam lá isto!
P.S.: Não sou responsável por aquelas letrinhas e números enfadonhos que pedem aos robots que cá vêem ler-nos.