Recebi uma carta
Eu recebo correspondência todos os dias, como qualquer mortal: contas, ofertas irrecusáveis que quase sempre recuso, promoções de que raramente usufruo, publicidade não endereçada que vai directa para o caixote de lixo mais próximo, livros escolares que se amontoam nas estantes do escritório, revistas semanais e mensais que vão ocupando todos os cantos desta casa e que nem sempre leio na íntegra - tudo o que vocês também recebem. Ontem (foi mais há cerca de 3 semanas, já que este texto esteve em "draft" uma porrada de tempo) recebi um envelope com remetente, manuscrito, endereçado ao "Senhor(a) Morador(a)". Era mesmo para mim e claro, fiquei mesmo intrigada, por dois ou três motivos: missiva manuscrita (ainda sabem o que isto significa?), enfiada não na caixa do correio mas debaixo da porta de casa, escrita cuidada e legível, sem um único erro ortográfico - sim, que eu li-a várias vezes à cata de tal. Só por isto, valeu a pena recebê-la. Adiante...
Esta carta vinha acompanhada duma imagem, o que eu antigamente chamava de "santinho", e até cheguei a coleccionar religiosamente montes deles, antes de, segundo a minha avó, me ter tornado uma herege. Pronto, vi logo o que queriam. Mas não desanimei, até porque se alguém se dá ao trabalho de manuscrever algo, de se dirigir ao meu lar apenas para partilhar comigo algo sobre um livro escrito há milhares de anos atrás não se sabe muito bem por quem, achei por bem ler esta carta até ao fim e repetidamente. Com certeza os meus dois leitores que pacientemente ainda cá vêm sabem de que cartas falo: são uma seca, hão-de concordar. Porém, gabo uma ou duas qualidades desta gente que trabalha no sector da distribuição religiosa: são bastante pacientes e persistentes, já que não é qualquer um que bate com a nariz na porta de terceiros e ainda assim regressa a um nono andar para deixar um bocado de papel debaixo da porta. A minha dúvida é se naquele dia os dois elevadores funcionavam ou se tiveram que vir cá acima a pé, acto ainda mais louvável :)
Um dia destes tb tenho de fazer um texto a puxar o sentimento religioso que há em nós... puxar no sentido de arrancar, entenda-se ;-)
ResponderEliminarEntão até daqui a três semanas... no teu próximo post :-P
IG: pois é, minha linda...estamos em crise e sempre que as pessoas estão em crise viram-se para a religião / fé, na esperança de que as coisas mudem para melhor... e, essa gente sabe MUITO BEM tirar partido disso!!! uma cartinha manuscrita, tal como no tempo em que as coisas "corriam melhor"...
ResponderEliminaré marketing-religioso, penso eu.
Parece que ja somos tres leitores
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