Ela detestava ter que descer ou subir aquelas escadas, com medo de encontrar os miúdos ciganos que habitavam um dos casebres que as ladeavam. Eles não eram como ela, não reflectiam medo na sua presença, não eram calmos, não seguiam as regras comummente aceites por todos, não deixavam de tocar uma pessoa só porque esta lhes tentava fugir. A rua ao fundo daquela escadaria parecia-lhe tão longínqua em certos dias. E de inverno? 5 e 30 da tarde, já escuro, sem qualquer iluminação pública naquele canto estreito da sua aldeia natal. Evitava lá passar sozinha, mas nem sempre era possível. Desviava o olhar, desejando passar invisível no meio daquelas crianças sujas, mais escuras, no meio dos adultos que lhe dirigiam palavras que ela não queria ouvir, que a aliciavam com brincadeiras e objectos que ela não queria ver. Ansiava por chegar à alfaiataria, alguns metros mais abaixo, onde finalmente teria alguma paz.
(inicialmente publicado no Ministério da Soltura)
Olá, obrigada pela mensagem que me deixaste, em blog alheio. Para leres o contos dos ciganos basta vires ao meu blog,
ResponderEliminarhttp://oslivrosqueninguemquisdaraler.wordpress.com
do lado direito tem uma apresentação minha, autora, o porquê do blog (que é sempre importante ler), um prefácio do primeiro conto e os seis contos infantis. Espero que gostes e deixe a tua opinião.
Beijoca, vou dar uma vista de olhos no teu blog,
Sónia
Blog alheio !??
ResponderEliminarAquilo é o Ministério, ora haja respeito !
Porquê a alfaiataria?
ResponderEliminarIG: não sou nenhuma criança... mas sinto algo idêntico - e não é medo dos ciganos..a minha "alfaiataria" será daqui a um mês e uma máx duas semanas...
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