E agora?
Que inferno! As mudanças nunca mais acabavam! Deveria ter pensado duas vezes quando considerou a hipótese de se mudar para um apartamento mais pequeno. Tudo o que lhe pertencia e que anteriormente cabia num T4 estava agora encaixotado e etiquetado de acordo com tamanho, volume, tipo e utilidade. Nunca mais se veria livre de tal tarefa dantesca. Ainda mais que arrumações não eram consigo. Uma característica perfeitamente notória ao longo de todo o ano, em que permitia que papéis, revistas, notificações, coisas velhas se amontoassem no seu escritório e decorassem não só o parapeito da janela como parte do chão. Consolava-lhe a ideia de que a mudança seria sempre para melhor, como diziam as vozes populares. Em termos monetários, iria poupar umas coroas. Em termos pessoais, iria usufruir da solidão a que tinha direito quando muito bem lhe aprouvesse. Em termos sociais, iria ser uma pessoa bem mais selectiva do que tinha sido até ali. As multidões tornaram-se asfixiantes. Evitava a todo o c...