Romantismo na montanha
As pedras quentes calcorreadas por pés enfiados em botas de montanha usadas num passeio de quase duas horas, longas para ela, uma brincadeira para ele, contrastavam com a água límpida e gelada que lhes corria pelas mãos, ao refrescarem a cara debaixo dum calor seco, tórrido que lhes amolecia o espírito, mas não os membros. Sabiam que a recompensa por este esforço físico estaria próxima. A lagoa verde acizentada, reflexo da verdura frondosa e rochas circundantes, situava-se uns bons metros sempre a subir do ponto onde se encontravam. Ainda teriam que penar mais um pouco, mas o sacrifício valeria a pena, pois esperava-os uma surpresa revigorante, ainda que gélida, como o são as águas de nascente. Após uns largos passos e metros a suarem as estopinhas, esbaforidos, sem fôlego, chegaram ao destino e descansaram: ambos de mãos nos quadris e tronco inclinado para a frente, a respirarem ruidosamente, bochechas reluzentes e coradas, mas a sorrirem um para o outro e não se importando...