Vazio
Ando há algum tempo a sentir uma vontade tremenda de escrever um texto longo, daqueles cujo tamanho afastam a maior parte dos leitores. Sobre o quê ainda não me decidi, pois se por vezes há imensos assuntos de que poderia falar, as mais das vezes retraio-me, porque não quero dar a conhecer de mim mais do que aquilo que quem me lê já conhece. É por isto que gosto do anonimato: por trás de uma alcunha falaciosa, posso apresentar e dissimular os meus humores e disposições, as minhas angústias e alegrias, as minhas tentativas de vos entreter e a mim, os meus gostos, os meus ódios esporádicos, os meus silêncios, as minhas palavras tantas vezes sem sentido aparente. Pensei em inventar uma história; não seria a primeira vez que o fazia. Mas só me ocorriam ambientes cinzentos, mórbidos, escuros, deprimentes (possivelmente à conta da literatura sueca que li há pouco). Pensei em, mais uma vez, aliciar a malta a participar num qualquer desafio vocabular. Pensei em apresentar mais dos detalhes n...