...os estudantes universitários, em ínicio ou final de "carreira", terem viatura própria.
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Vem isto a propósito da seguinte frase proferida por um amigo meu, de 27 anos, futuro engenheiro: "não me misturo com o zé povinho em autocarros cheios a cheirar a esforço!"
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Quando eu lá andei, quem tinha carro pertencia ainda a uma minoria já em fase de crescimento. Inundavam qualquer espacinho vazio com os seus citroens, fiats, audis e afins: passeios, traços amarelos, estacionamento legal. Tudo! E já na altura Coimbra não era uma cidade que primava pela abundância de tais lugares preciosos. Já na altura perguntava-me eu como é que os papás conseguiam suportar as despesas inerentes a uma viatura. Tinham mesmo que ser bastante abonados. Coisa que os meus nunca foram. E como tal, eu estava sujeita a comboios, a boleias e a autocarros. E sujeita também às conversas alheias, aos cheiros nauseabundos por vezes, às bocas dos militares que também regressavam a casa para um fim-de-semana curtíssimo, aos apertos, às enchentes e às famosas greves nas horas de ponta.
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(Episódio caricato assistido por esse meu amigo:
no meio do aperto habitual do autocarro em hora de ponta, grita uma senhora indignada com o que aparentemente lhe tinham feito:" o senhor esta-me a apalpar???"-"quem euuuu???"diz o sujeito "Sim o senhor, quem havia de ser!!!" "eu a apalpa-la???oh minha senhora se eu estou a apalpa-la vê-se mm que nunca foi apalpada!!!")
no meio do aperto habitual do autocarro em hora de ponta, grita uma senhora indignada com o que aparentemente lhe tinham feito:" o senhor esta-me a apalpar???"-"quem euuuu???"diz o sujeito "Sim o senhor, quem havia de ser!!!" "eu a apalpa-la???oh minha senhora se eu estou a apalpa-la vê-se mm que nunca foi apalpada!!!")
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Claro que é desagradável, claro que é preferível não termos que passar por situações incómodas, claro que é óptimo sairmos à hora que queremos, com quem queremos, a ouvir a nossa musiquinha.
Contudo, ser universitária/o - defendo eu - é também passar por experiências de vida desagradáveis como as acima referidas. É fazer sacrifícios, é planear bem o seu dia, é fazer contas à vida e ao dinheiro dos papás e geri-lo com cabecinha. Ser universitária/o não é só apanhar bebedeiras a torto e a direito, não é só sair até às 5 da manhã, não é só passar noites sem dormir na conversa com os amigos, não é só estudar as matérias debitadas em aulas cujo objectivo era, em muitos casos, cumprir calendário. Ser universitária/o é aprendermos a desenrascarmo-nos na vida, perante imprevistos; é não nos deixarmos acomodar aos confortos que os papás até nos podem proporcionar; é estarmos sujeitos aos horários da cidade que nos acolhe; é aprender e respeitar quem, ao contrário de muita gentinha pseudo-riquinha, não ostenta riqueza que não tem; é misturarmo-nos com os locais; aprender com eles, ouvi-los, criar laços...e muito, muito mais.
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Se um dia o meu filhote chegar a esta etapa da vida, espero recordar-me do que acabei de escrever.
Eu ía à boleia de Braga para Guimarães para poupar 100$00 da viagem... Almoçava com os trolhas das obras ou na Cantina (na altura devia ser a pior do país) para poupar mais uns trocadinhos. Só assim tinmha dinheiro para a cerveja e para tabaco...
ResponderEliminar;)
Eu ia de autocarro, comboio, metro e ainda um pequeno percurso a penantes! Para se ser um bom psicólogo precisa-se de conhecer gente, sem ser por detrás de um vidro de carro ou por debaixo de uma bata branca...
ResponderEliminarNão podia estar mais de acordo com a tua opinião!
Tomara eu na altura ter um jipe oferecido pelos papás como tinham os meus colegas :-(
ResponderEliminarMas era mesmo à base de comboio, metro e penantes - olha, ao menos fiquei lingrinhas e elegante :-)
Eu ando em transportes públicos... Há quem trabalhe e justifique o seu carro... agora aqueles mimados do caralho que os paizinhos dão tudo, esses sim, têm boa vida... mas depois acham que a vida será sempre assim!!! Deixa-os andar...
ResponderEliminar4 anos a apanhar comboios e nunca me apalparam o rabinho... que injustiça...
ResponderEliminarAnda mesmo muito menino enganado com a vidinha cá fora!:)
ResponderEliminarDeixa-os poisar. Quando se virem de canudo nas unhas à frente do caixa do hipermercado sem horas para sair e sem poder cagar leis para cima de ninguém vão ver como é que elas mordem. Não esquecer que a maior parte destes papás que dá tudo, quando os gajos acabam o curso , já têm há muito a corda do Banco ao pescoço.;)
Às vezes encontravamo-nos na cantina da faculdade e dizia-mos:
ResponderEliminar-Hoje vim de Mercedes e Tu?
- Eu de Volvo!
Resumindo: o meu bus era mercedes e do resto de pesoal era mesmo Volvo!hehehe
Muito Comboio queimei!
Apesar de ir de carro, também vou muitas vezes de autocarro trabalhar! Quando tenho muito sono... sempre são 20m!
E digo-vos os motoristas são todos uns amores!E NÃO TENHO VERGONHA!
E assisto a cada escandaleira de chorar a rir!
Sempre me disseream: NÃO PESSAS A QUEM PEDIU, NEM SEIRVAS A QUEM SERVIU...
Cambada de novos ricos!Há muita gente com falta de chá!
"não me misturo com o zé povinho em autocarros cheios a cheirar a esforço!"
fdx!!!!
Todos os dias lido com pessoas que não tem dinheiro nem para comer e outros que vão de férias para as Maldivas e devem a este mundo e o outro!
Estas merdas revoltam-me mesmo!!!!
bjx para todos...
"não me misturo com o zé povinho em autocarros cheios a cheirar a esforço!"
ResponderEliminarHá gente com muita sorte, com muitos meios económicos e também muita ignorância.
Eu tb não me misturo com gente 'importante' e preconceituosa, em carros novos, a cheirarem a esforço do zé povinho.
Bom post! =) sabes quando me perguntam porque é que escolhi arquitectura e porque gosto tanto do meu curso e de andar smp de um lado para o outro "para lisboa", eu respondo mais ou menos os teus ultimos paragrafos =)
ResponderEliminarComecei por ir a pé para a universidade... 30 minutos de distância, evitava as confusões nos transportes públicos e fazia bem caminhar... a meio do curso, tenho feito um estágio antes de o acabar, poupei dinheiro e comprei o que na altura se podia considerar um bom carro.... não vejo mal nisso... sinceramente não gosto muito de me misturar com o Zé Povinho... o tal "cheiro a esforço", deve-se muito ao facto de muita gente que anda nos transportes públicos n conhecer o conceito de banho e higiene, ou simplesmente não conhecer o conceito de desodorizante.... n sou obrigado a apanhar com o cheiro dos outros...
ResponderEliminarBem, estás mesmo chateada. Mas eu tenho de vir discordar.
ResponderEliminarComo já percebeste, também eu já andei em Coimbra e, como respondi mais em cima, aos 18 anos os meus papás ofereceram-me um carro.
Não sou rica nem coisa que se pareça. Nunca fomos. No entanto, os meus pais sempre lutaram para dar o melhor aos filhos. Naquele ano acharam que o melhor era um carro. Fizeram-no com muitos sacrifícios e abdicando de muita coisa. Não foi por isso que deixei de dar valor ao que a vida custa. Não foi por isso que deixei de saber o que custa o dinheiro e aprender a contar os tostões.
Em Coimbra, apanhei UMA grande bebedeira, no meu ano de caloira; e vivi UMA grande queima no meu ano de finalista. Nunca fui de saídas, borgas, nem tudo o que descreves. Não deixei de andar de comboio para não me misturar com a ralé. Ia e vinha de carro por uma razão: podia deixar a minha cidade mais tarde e voltar mais cedo.
Creio que quando o teu filho tiver essa idade... também tu lhe vais querer dar o melhor. Se tiveres possibilidade, vais muito provavelmente querer dar-lhe um carro. Não é o carro que faz com que ele saiba ou não dar valor às coisas. É a educação que TU lhe deste. E tenho a certeza que, essa, foi a melhor!